Mentira tem perna curta: sistema promete detectar honestidade das pessoas
Ao contrário dos polígrafos, novo sistema não precisa ter recursos complexos acoplados à pessoa investigada: basta analisar o tom da voz
Por: Olhar Digital
Já dizia o ditado: mentira tem perna curta. Afinal, atire a primeira pedra quem nunca contou uma mentirinha dentro de casa, para os amigos e até mesmo no trabalho.
Mas a lorota pode estar com os dias contados. De acordo com o The New York Times, a professora de ciência da computação da Universidade de Columbia (EUA), Julia Hirschberg, inventou um sistema que vai ser um problema na vida dos mentirosos: um computador que analisa os padrões do discurso das pessoas e avalia se elas estão sendo honestas ou não.
Para chegar a esses resultados, não houve a necessidade de criar nenhuma máquina, ou acoplar recursos complexos. O próprio discurso do indivíduo fornece todas as pistas: sonoridade, mudanças no tom de voz, pausas entre as palavras, frases "gaguejadas" (os famosos "hum" e "ahn"), risos nervosos e dezenas de outros sinais que podem sugerir uma mentira são analisados.
Através de algoritmos baseados em uma análise de como as pessoas falavam de um projeto de pesquisa, Hirschberg e sua equipe foram capazes de detectar uma mentira com 70% de precisão nos testes realizados com os voluntários.
No entanto, Hirschberg não é a única pesquisadora a usar nossas declarações para evidenciar como está nossa vida interior. Um pequeno grupo de linguistas, engenheiros e cientistas da computação estão atualmente treinando computadores para reconhecer características daquilo que eles chamam de "discurso emocionado", ou seja, falar o que reflete decepção, raiva, amizade e até mesmo o sentimento de paquera.
Além disso, a tecnologia está se tornando mais precisa em grandes laboratórios. "O objetivo científico é entender como nossas emoções são refletidas no discurso, e construir melhores sistemas para compreender essas emoções", afirma Dan Jurafsky, professor da Universidade de Stanford, que coordena uma pesquisa que se concentra na compreensão da linguagem pelas máquinas e seres humanos.
Já Shrikanth Narayanan, professor de engenharia da Universidade da Califórnia do Sul, e que também usa métodos de computador para analisar o discurso emocional, observa que alguns aspectos da linguagem são fáceis de detectar. Outros, porém, exigem mais cálculos e precisão. Seu laboratório, por exemplo, encontrou maneiras de usar pistas vocais para detectar embriaguez.
Vale lembrar que os programas criados pelos investigadores - alguns ainda em desenvolvimento - não são susceptíveis de serem usados como prova em um tribunal jurídico, por exemplo. O uso de polígrafos é altamente controverso, mas os novos programas já fazem algum tipo de leitura da mente, sem "invadir" os investigados.
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