Projeto GNOME quer conquistar o mundo com GNOME 4.0/GNOME OS

[nuno_nunes]

Nem que se faça um fork

[Claudio Novais]

Vou escrever este post conforme o que vou ler do que o Marcos Ammon (AmmonMa) disse, pois ontem li mas como não tinha tempo não pude comentar. Li e a opinião foi muito de encontro com o que eu penso.

Pois é. Desculpa, mas acho que eles não estão prontos. O que mais vem polemizando no mundo linux nessas últimas semanas foi o post de um dos desenvolvedores do projeto que estava em visível sindrome de burnout.

De acordo com ele, programadores líderes estão saindo. O GTK tem apenas um programador(ele mesmo), projetos como o evolution nenhum. Dos poucos envolvidos, 9 trabalham para a red hat o que faz o GNOME ser basicamente, um projeto da mesma(e isso é muito ruim, nem preciso dizer o porque).Alem disso, mais e mais distros estão deixando o GNOME. 

Não sabia deste pormenor e fico extremamente triste ao saber que a equipa não é grande. No entanto, percebo perfeitamente. O mundo Linux nunca cresceu como devia crescer (até há uns anos pelo menos) pois o Linux sempre foi o ponto de partida para os bons programadores serem contratados pelas melhores empresas.

Contratar um bom programador é muito dificil, é preciso saber o seu histórico, saber se ele realmente tem visão, imaginação, inteligência e claro background teórico. Tudo isto sempre ocorreu no Linux. Algoritmos excelentes de segurança e programação otimizada e teoricamente bem aplicada. Porquê? Porque os alunos queriam ir mostrar as suas qualidades e open-source mostrava publicamente tudo isso!

O problema disso é que todos esses programadores são o que todas as empresas procuram até mesmo aquelas mais pequenas que até nem têm clientes, mas sabem que com eles conseguem investir com uma certa facilidade e segurança. E por isso rapidamente saíam de cena e novos programadores vinham.

Jono Bacon,um dos engenheiros da canonical fez um post gigante e muito interessante no seu blog falando o seu ponto de vista. Recomendo muito pra quem tem tempo ler os dois posts (e os comentários, pra quem tem muito tempo mesmo)
http://blogs.gnome.org/otte/
http://www.jonobacon.org/2012/07/30/sta ... um=twitter

Apesar desse facto quase indiscutível, nunca pensei que um projeto como o Gnome ficasse tão abandonado. O Compiz a ficar abandonado, o Gnome com equipa principal reduzida, faz ter algum medo do futuro. Espero que a Canonical ajude, seja no que for, para que esta ideologia da Shell não termine, pois apesar de não limada tem um potencial enormíssima pela construção (JS) e pela fluidez (que o unity não tem)!

Ainda, uma coisa é a gnome-shell, a UI padrão da interface GNOME, e a outra é o GNOME3 em si. Verdade seja dita, "out of the box" a experiencia na gnome-shell é muito ruim, muito aquém daquilo que era a GNOME2.

Imagina o sufoco que é pro não power user:"olha, pra deixar a sua interface utilizável, voce vai nesse site aqui e procura até instalar esse monte de extensões". Impraticável.

Sem dúvida que aqui você tem toda a razão! Por muito que se diga que quem está habituado à Shell terá uma produtividade imensa, não podemos deixar de pensar que há muitos pontos onde a produtividade só consegue chegar ao ponto máximo adicionando novas extensões e procurando durante um tempo indeterminado por essas soluções. Algo que o utilizador normal não quer e por isso mesmo continua no Windows. Esta é a verdade pura e crua.

E o pior, de versão pra versão, algumas dessas extensões podem simplesmente não funcionar, então além de procurar no site por esses tweaks, voce tem que ler os comentários e ver se funciona para a versão atual, impraticável ao quadrado.Atualizar o GNOME 3.2 pro 3.4 é pedir pra pelo menos 30% das suas extensões ir pro brejo...Que dirá o 3.6

Outro ponto que acho fulcral. Aqui mostra que a visão inicial foi errada. Não foram tomadas decisões modelares acertadas. Criaram um conceito e não criaram um modelo. Aqui está a diferença entre engenharia de software que apesar de ter havido certamente não foi suficiente e fez com que a evolução ficasse incompatível. Algo que numa empresa exige-se sempre como primeiro plano. Infelizmente este ponto é bastante importante, e foi ele que me fez ter deixado a Shell. Gosto muito dela, mas certas coisas eu queria e não pude ter, nomeadamente o Global Menu que não funcionava no Gnome3.4 (se calhar agora já funciona).

A canonical pra mim toma uma estratégia mais acertada nesse sentido, atacando na oportunidade certa e mesmo assim, seu plano é tomar 5% de todos os desktops no futuro, estratégia bem mais tangível.O Unity, pode se falar o que quiser dele, mas faz tanto sentido como uma ui desktop tanto mobile, não posso dizer a mesma coisa da gnome-shell.

Haver semelhanças de conceito e acima de tudo semelhanças de estética? Sem dúvida que isso é perfeito para a identidade de uma empresa, basta ver a Google que tem mantido sempre uma identidade de simplicidade com o OAuth a permitir trabalhar sempre em diferentes serviços com a mesma conta sem ter de fazer sempre autenticações.

No entanto, aplicar conceitos completamente diferentes num só software é errado. Basta vez o que foi o Unity e o que está a ser o W8. A verdade é que não devemos generalizar de tal forma pois iremos perder qualidades. É como ir a um médico de medicina geral ou ir a dentista para tratar de um dente. Apesar de possivelmente os dois saberem resolver o problema, na verdade a qualidade de direcionamento ao problema não é a mesma. Por isso se se tentarem fazer isso mais uma vez vão estragar, até porque visto que estão a partir do Desktop para o mobile, vão querer dar prioridade ao Mobile.

Aliás, ao escrever isto fez-me lembrar do célebre pensamento:

A diferença entre o Windows e o Linux em termos de segurança é o seguinte:

• O Linux partiu de uma ambiente para trabalhar em rede para um ambiente desktop, e por isso sofreu de problemas de usabilidade com os utilizadores;
  
• O Windows partiu de uma ambiente offline dedicado ao utilizador final e só depois partiu para a Internet. O facto de não ter sido construído inicialmente para a Internet, fez dele um sistema cheio de brechas que nunca conseguiram tapar a 100%.

O Ubuntu e o próprio GnomeOS se tentarem ir para o mobile vai acontecer o mesmo.

Sendo justo, depois de tweekar minha interface até a coruja dizer chega, eu gostei da experiencia. Quem saca de js se acaba e usa como uma ferramenta de estudo. A idéia é excelente, inclusive, não faz sentido técnico forkar gnome-shell nem o mutter por que eles ja são ridiculamente flexíveis.

Sem dúvida! Eu personalizei-o bastante (e nem precisava de tanto) e adorei os momentos que o utilizei! Tem ideias geniais que adorava ver no Unity (Ou então ver certas ideologias do Unity na Gnome-Shell, acho que preferia este), nomeadamente levar o mouse ao canto superior direito para ver as janelas e forma como as mostra; ver as notificações e responder nelas (ao contrário das notifyOSD); distinguir aplicações abertas com indicadores de applets; entre muitos outros pormenores. No entanto, tudo isto é bastante inacabado quando instalamos a shell. E aqui ela falha infelizmente.

Queria dizer ainda mais uma dezenas de opiniões relacionadas, mas o texto ficaria ainda maior e depois ninguém o ia ler (se é que alguém já vai ter coragem de ler este texto tão grande )

[AmmonMa]

Claro que li! Nem ficou tão grande assim. Só deu impressão por causa dos quotes
Igual o meu agora, nem está gigante, mas os quotes, oh my god, the quotes!!!

Não sabia deste pormenor e fico extremamente triste ao saber que a equipa não é grande. No entanto, percebo perfeitamente. O mundo Linux nunca cresceu como devia crescer (até há uns anos pelo menos) pois o Linux sempre foi o ponto de partida para os bons programadores serem contratados pelas melhores empresas.

Sim, mas eu fiz questão de ressaltar que é a opinião dele. Na minha impressão, está acontecendo com o Benjamin o que acontece normalmente no mundo do desenvolvimento. O chamado Burnout. Ele é o único programador do GTK, se fosse eu no projeto GTK sozinho durante muito tempo teria uma hora que eu ficaria assim também.

Aliás, tive experiencia parecida...programei em LINC para um projeto hospitalar sozinho durante 3 anos e depois desses 3 anos nao queria ver um LU; pintado de ouro na minha frente.

Aliás parte [2] o desenvolvedor lider do projeto Dolphin também teve isso recentemente. Como o maluco do Slackware aguenta? Vai saber...

Um outro desenvolvedor do projeto escreveu um post mais otimista que é bom ler pra se ter os dois lados da história.

http://blogs.gnome.org/uraeus/2012/07/3 ... -of-gnome/

Pra quem não tiver tempo de ler, vou colocar uma frase interessante dele:
"Hey, I can tell you that the amount of flames we got for GNOME 2 easily beats the GNOME 3 flames." Eu não peguei essa epoca de transição pro GNOME 2 , ja peguei o bonde andando... Quem passou por isso pode confirmar? Quando o GNOME 2 nasceu era a mesma história de que estamos vendo agora?

Haver semelhanças de conceito e acima de tudo semelhanças de estética? Sem dúvida que isso é perfeito para a identidade de uma empresa, basta ver a Google que tem mantido sempre uma identidade de simplicidade com o OAuth a permitir trabalhar sempre em diferentes serviços com a mesma conta sem ter de fazer sempre autenticações.
No entanto, aplicar conceitos completamente diferentes num só software é errado. Basta vez o que foi o Unity e o que está a ser o W8. A verdade é que não devemos generalizar de tal forma pois iremos perder qualidades.

Não tinha pensado nisso e concordo 100%, mas ainda assim estou otimista com a estratégia que a canonical vem desempenhando. O conceito é parecido, mas quando comparamos ubuntu tv (mesmo inacabada) com o unity desktop, a gente consegue ver adaptações na usabilidade. Acredito que esse seja o destino do mobile também. Nesse ponto, o KDE ja esta muito a frente (plasma active + vivaldi)

E embora a interface tenha seus problemas(notifyOSD é uma piada de ruim imo e o look and feel bastante rígido), uma vez faz algum tempo já, na época do Ubuntu 11.04, vi uma entrevista do Jono Bacon dizendo que se o cara falar "ahh essa porcaria de unity, vou migrar pro KDE" ok. O que pra ele seria uma missão não cumprida seria o cara dizer "ahh essa porcaria de unity, vou voltar pro meu windows" Linux tem que ser sempre sobre escolhas. Unity ta mais polido que nunca, KDE ta muito bom, XCFE ta voando baixo, seria uma pena um projeto forte como o GNOME sair desse mapa.