Segundo ele a Canonical planeja desenvolver algumas partes do Ubuntu 13.04 a "portas fechadas"", com orientação e opinião de "alguns membros de confiança da Comunidade Ubuntu", que ele mesmo chamou de Skunkworks (fazendo alusão a um departamento secreto da Lockheed, chamado de Skunkworks), com o intuito de "fazer surpresa" a comunidade sobre o processo de desenvolvimento do Ubuntu 13.04 "Raring Ringtail" .
Apenas uma "comunidade" (na verdade um seleto grupo de confiança dentro da comunidade) de desenvolvedores terão acesso para trabalhar com a Canonical em alguns elementos do 13.04, tais como aplicações em javascript, css, html5 e desenvolvimento de layout, dentre outros. A abordagem usada pela Canonical seria semelhante ao que o Google faz, por exemplo, com o Android: desenvolve-se "em casa" e depois libera para a comunidade. Esta notícia já está dando "pano pra manga" dividindo as opiniões da comunidade Ubuntu, como você vê nesta thread do Ubuntu Forum e nestes sites e blogs: Phoronix, TechCrunch, Extremetech e outros. Veja bem, não é "fechar o código" e sim o desenvolvimento...
Eu enxergo duas posições bem distintas nesse "novo horizonte" da Canonical:
1) Não é de hoje que Mark Shuttleworth "deixa de lado" a comunidade Ubuntu, e sinceramente nos últimos tempos ele não tem se preocupado muito com a opinião dos usuários, haja vista o fracasso (em primeiro momento) do Unity (que antagonicamente tem se tornado uma ferramenta incrível e que EU aprendi a amar), além da recente "lente comercial" do Ubuntu 12.10. Me lembro quando comentei sobre o "kernel do Ubuntu" e recebi diversas críticas (algumas até pejorativas de membros importantes da comunidade Linux brasileira), pois muitos achavam que eu estava deturpando a imagem da Canonical (e do Ubuntu).
Apesar de ser usuário Ubuntu e falar basicamente sobre Ubuntu aqui no Seja Livre, não concordo com certos posicionamentos do Mark pois, ao meu ver, ao longo do tempo a Canonical tem mudado o foco do Ubuntu gradativamente, e estaria caminhando a passos lentos para um futuro duvidoso (ou não). A comparação do Ubuntu com o Android tem seus prós e contras, e acho que seria até vantajoso para "evangelização do Linux" em si, porém seria catastrófico para a imagem do Ubuntu como uma distribuição GNU/Linux.
2) Por outro lado eu vejo grandes portas se abrindo para o Ubuntu. Um desenvolvimento parcialmente fechado aumentaria o nível de padronização e estabilidade da distribuição, tendo em vista que seria desenvolvido por uma equipe focada em objetivos e metas.
Outro fator interessante é o aumento da "confiabilidade no Linux" (falando de forma genérica) por parte das grandes empresas de software e hardware. Temos a Valve como exemplo claro disso. Você já parou pra pensar por que eles escolheram o Ubuntu como porta de entrada no mundo Linux? Com certeza não foi pelo número de usuários. Uma empresa sempre fará parcerias com outra empresa e não com uma "comunidade" , onde não existe "uma cabeça que dita as regras" (o que a Canonical tem bem definido).
Muitos usuários Linux (de diversas distros) não concordam com essa iniciativa de se disponibilizar aplicações pagas para Linux, pois o que é livre tem que ser 100%" livre, o que eu também discordo: a liberdade é do usuário. Ele decide o que fazer e usar. Quer ver um exemplo? O Java. Se você quer a versão fechada da Oracle você pode baixar e instalar, se não, use o OpenJDK, que é totalmente Open Source.
Eu creio que um dos fatores que tem impulsionado o Mark Shuttleworth é o cultural: pro Ubuntu ser um rival a altura do Windows, algumas "barreiras comunitárias" devem cair (talvez na visão dele seja assim), e se o caminho que ele escolheu para o Ubuntu trilhar é o certo& . bom, isso só o tempo dirá.
E você, o que acha disso tudo?