Três alunas do Ensino Secundário descobriram uma planta que reduz a toxicidade das drogas usadas na quimioterapia. O trabalho de investigação é um dos candidatos ao prémio do Concurso Europeu de Jovens Cientistas que começa sexta-feira em Helsínquia.O "Estudo comparativo da actividade antibacteriana, antioxidante e antimutagénica produzida por diferentes extractos de Agrimonia eupatoria L. venceu um prémio nacional e agora é um dos 87 projectos científicos a participar na 23ª Final Europeia do Concurso Europeu para Jovens Cientistas, que reúne 134 estudantes de 38 países, entre os 15 e os 20 anos.
Os vencedores só serão conhecidos na próxima terça-feira em Helsínquia, para onde viajam na próxima madrugada seis jovens portugueses. Na mala levam dois projetos científicos: um na área da Biologia e outra de Ciências Médicas.
As ex-estudantes da escola secundária de Arouca Ana Rita Sousa Rocha, Cecília Almeida Moreira e Vânia Patrícia Pinto Rocha, autoras da investigação de ciências médicas, realizaram um inquérito junto da população local e perceberam que havia uma planta referenciada como tendo efeitos anticancerígenos: a Agrimonia.
O estudo comparou a atividade antibacteriana, antioxidante e antimutagénica de infusões de Agrimonia eupatoria L. utilizada habitualmente na região de Arouca como anti-séptico, anti-inflamatório, diurético, hipoglicémico, antidiarreico e no tratamento do cancro e de inflamações das vias urinárias e da próstata.
"A planta era usada como um chá por pessoas com cancro mas apenas aqui na zona de Arouca, porque achavam que tinham efeitos anticancerígenos. Percebemos que a planta reduz a toxicidade de drogas usadas na quimioterapia. Agora precisamos saber se esta planta defende as células saudáveis ou se impede a acção tumoral", explicou Cecília Moreira, 'caloira' do curso de Medicina do Instituto Abel Salazar.
Em declarações à Lusa, a jovem investigadora reconheceu que "o estudo abre uma porta para o futuro". As três estudantes universitárias vão agora trabalhar com a Universidade Nova de Lisboa, que "deverá começar na próxima semana a fazer ensaios" com a planta.
O projecto venceu o 1º prémio do Concurso para Jovens Cientistas e Investigadores, que a Fundação da Juventude realizou em maio deste ano. O segundo prémio - "M.S.I.: Mel Sob Investigação" - também está a concurso em Helsínquia.
Da área da Biologia, o trabalho foi realizado por Beatriz Gonçalves Esteves, Daniel José Roque dos Santos e Marisa Alves Paulino.
Beatriz Esteves, 18 anos, contou à Lusa que a ideia de analisar as propriedades bioquímicas do mel surgiu porque "todas as pessoas diziam que o mel fazia bem à saúde mas não estava cientificamente explicado".
Com a ajuda de professores da escola que frequentavam - o Externato de Penafirme, em Torres Vedras, - e de professores da Universidade de Coimbra e do ISEL, os três jovens cientistas descobriram que o mel, em particular o caseiro, "apresenta capacidades antioxidante e antimicrobiana benéficas para a saúde".
Tal como as três autoras do projeto de medicina, também os responsáveis do estudo de biologia estão agora na universidade: Beatriz entrou em Engenharia Biomédica, Daniel (17 anos) em Medicina e Marisa (17 anos) está em Química Aplicada. Todos querem continuar a fazer investigação.
Além de participações internacionais em certames de alto nível científico, os prémios monetários do concurso europeu variam entre os 7500 e os 2500 euros. Este certame é realizado anualmente num país diferente da Europa.
in JN
O mais notável nisto tudo, é ter sido descoberto por alunas do secundário, com apenas 17 anos!
