
Fonte: http://blogmidia8.com/2011/10/desculpe-mas-voce-nao-e-um-analista-de.html
Um cara descolado ou uma guria pop, bem gata. Cabelo estranho (leia-se ousado) para eles e mechas rosas ou azuis para elas. Tatuagens pelo corpo, brincos, piercing, roupa de grife e munidos com todo o aparato que Steve Jobs pode produzir: iPod, iPhone e, é claro, um iPad. Usa o tablet da Apple apenas para acessar o Facebook ou o Twitter, mas mesmo assim se considera um geek. Como se geek significasse quem tem gadgets caros e novos, reciclados a cada 6 meses.
Está em todos os eventos de social media. Aliás, jamais fala social media, e sim “xoxial media”. Acha que com isso é ainda mais influente nas mídias sociais. Fecha-se em rodinhas da classe média ou média alta, realiza dezenas de cursos com menos de 2 horas de duração e mais de 2 mil reais de despesas. Orgulha-se e enche o peito para dizer a todos que sim, você é pago para ficar acessando Facebook ou Twitter.
Se auto-proclama um heavy user, um verdadeiro nativo digital que demoniza o contato real, físico, humano. Prefere perder um braço do que não ter internet. Prefere não tomar banhou do que ficar sem twittar por mais de 15 minutos. Conhece todas as ferramentas de monitoramento, sabe estipular métricas, relatórios engraçadinhos e bonitos, tem mais conhecimento sobre as mídias sociais do que seus próprios criadores e, com isso, coloca na prateleira da sua vida digital o seu maior legado: analista de social media.
Na boa? Você não é uma analista de mídias sociais. Você não tem conhecimento sobre gestão, negócios e, principalmente, desconhece o significado do termo “comportamento humano”. Não crê em qualquer tipo de religião ou algo místico, mas se acha superior aos demais somente porque nasceu em determinado ano, como se isso imputasse algum dom especial para uma geração.
Nada contra a parte estética. Garotas no estilo vampira, do x-men, são particularmente lindas. O problema é quanto aos estereótipos e suas reais aplicações. Usar uma imagem para tentar afirmar – ou reafirmar – algum conhecimento não é uma postura um tanto quanto profissional. É como achar que se você falar, a cada 10 palavras, 9 em inglês, demonstrará um grau maior quanto ao domínio de determinado assunto.
Jamais procurou quem pensasse de maneira diferente da sua. Só segue contatos descolados no Twitter e tem aversão de quem tinha uma conta no Orkut. Quando vai em um encontro fica questionando qual será o próximo Facebook, ou quando o Google irá morrer. É imaturo, inocente e mesmo assim se acha o tal por ter conseguido um emprego em uma empresa que está disposta a pagar caro somente porque gurus dizem que o caminho do sucesso está nas mídias sociais. Aliás, ser um guru é o seu maior sonho.
Poderia ficar desenrolando esse tema por mais uns 453 parágrafos, mas lhe proponho um desafio: verifique com seus amigos, contatos profissionais e professores quem está por trás do digital no Brasil e no mundo. No nosso caso, praticamente nenhum especialista influente em marketing, jornalismo, publicidade, social media, inovação ou internet é geração Y. Todos são mais velhos, mais experientes, mais maduros. Apanharam muito, é verdade, mas hoje são referências.
É lógico que existem as bolinhas vermelhas. Jovens que criaram e ousaram no mercado de internet. Isso é muito bom. Mark Zuckerberg é um exemplo. Criou uma ótima ferramenta e hoje está rico. Marcos Gomes, da boo-box, é outro. E você? Você fica sendo pago para ver tweets ou posts. Faça mais. Ouse. Inove. Desafie-se. Mantenha contato com quem pensa diferente de você. Rene, Gil, Martha, Edney, Telmo, Luli, Nino, Dória, Walter, Beth, Lucimara, Danila, Raquel, Primo. A lista é longa. Referências não faltam.
“Imagine se um dia você acordasse e percebesse que tem superpoderes. Opa, você já tem! Você tem a internet.” (Rene de Paula).