Fatos da NASA ajudam crianças com paralisia cerebral
Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Faro vai usar fatos de astronautas na reabilitação de pessoas que sofrem da doença
Uma instituição algarvia está a desenvolver um projeto que visa capacitar crianças com paralisia cerebral através de um fato inspirado em tecnologia usada por astronautas da agência espacial americana NASA, disse esta sexta-feira à Lusa a promotora do projeto.
Segundo a diretora da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (APPC) de Faro, o projeto «Vamos ser astronautas» destina-se a crianças com paralisia cerebral e outros distúrbios neurológicos.
O projeto consiste na utilização de um fato originalmente usado por astronautas em voos espaciais e posteriormente adaptado à reabilitação de pessoas com paralisia cerebral.
O fato ajuda a neutralizar os efeitos nocivos da ausência de gravidade, tais como a atrofia muscular, a perda de densidade óssea ou alterações do controlo motor.
De acordo com Graciete Campos, o impacto da ausência de gravidade nos astronautas é semelhante às alterações neuromotoras nos pacientes com paralisia cerebral, o que levou uma equipa de reabilitação do Brasil a criar o fato ortopédico dinâmico «Pediasuit».
A utilização do fato em exercícios ajuda a normalizar o tónus muscular, diminuindo os movimentos descontrolados e melhorando a postura e simetria corporais, entre outros benefícios.
O tratamento consiste em colocar as crianças ou jovens vestidas com os fatos, compostos por chapéu, colete, calção, joelheiras e calçado, interligados por elásticos, dentro de estruturas metálicas de suporte específicas, onde são desenvolvidas as atividades terapêuticas.
«O objetivo é criar uma unidade de suporte para alinhar o corpo o mais próximo do normal possível, restabelecendo o correto alinhamento postural», explicou à Lusa Cristina Sobral, uma das terapeutas da APPC/Faro que vai receber formação para ministrar o tratamento.
A terapeuta explicou que o tratamento é intensivo e especialmente indicado dos zero aos dez anos, idade em que há uma maior plasticidade cerebral, o que permite às crianças integrarem melhor a informação.
Graciete Campos sublinhou que a implementação do projeto só é possível graças a um prémio a que a instituição se candidatou, no valor de 50 mil euros, que será atribuído por uma instituição bancária até ao final do ano.
Este dinheiro contempla a formação dos técnicos da instituição e a aquisição de todo o material necessário para a implementação do projeto.