...para combater a pirataria
A Comissão Contra o Roubo de Propriedade Intelectual Americana (ou IP Comission, para encurtar) apresentou ao governo um relatório de 84 páginas onde detalha potenciais medidas que podem ser tomadas contra os piratas. Uma delas – e a mais absurda, na minha opinião – seria legalizar o uso de malwares pelas empresas detentoras do conteúdo.
A proposta consiste no seguinte: malwares que seriam instalados silenciosamente nos PCs de “suspeitos de copiarem, hospedarem ou consumirem conteúdo protegido”, caso o programa identifique a infração os arquivos ou o próprio PC seriam “lacrados”, até que o infrator se entregue às autoridades.
Apesar do Congresso Americano ser um zoológico habitado por criaturas míopes e defensores da indústria de armas, eu duvido muito que uma proposta dessas passe. Para começar: como isso poderia funcionar? A proposta diz que o programa só seria instalado em máquinas de suspeitos, mas como esses “suspeitos” seriam identificados em primeiro lugar? Rastreariam os torrents? Eu não acredito que gastariam tempo e dinheiro em monitorar duas dúzias de gatos pingados, portanto o mais provável que as empresas querem é que o programa seja instalado em TODOS os computadores conectados à internet. Além do mais, bloquear o conteúdo é uma coisa, sequestrar o hardware do usuário é outra bem diferente, e é a mesma prática que criminosos costumam usar para extorquir dinheiro das pessoas (muito provavelmente é o mesmo tipo de programa que estão sugerindo usar).
O mais curioso nisso tudo é que mesmo o Japão, um país onde compartilhamento de conteúdo com copyright é crime passível de 10 anos de prisão ou multa de US$ 125 mil, não foi tão longe com uma ideia tão maluca. O máximo que fizeram foi anunciar que estavam considerando subir para a internet arquivos falsos como uma armadilha: por fora episódios de séries, mas na verdade aviso sobre a infração ser um crime severo.
Essa IP Comission é tão insana que em seus fundamentos está determinada a provar que a China é grande ladra de seu conteúdo. E olha que ela e os Estados Unidos são parceiros de negócios.
meiobit