O projeto foi desenvolvido por Gabriel Pires no Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), destinando-se a ser usado por doentes com esclerose lateral amiotrófica (ELA), pessoas tetraplégicas e com paralisia cerebral.
O interface foi trabalhado nos últimos 5 anos e resultou numa Tese de Doutoramento, tendo agora recebido o segundo prémio no concurso Fraunhofer Portugal Challenge, um concurso de ideias organizado pelo centro de investigação Fraunhofer AICOS.
O sistema é composto por um conjunto de algoritmos de processamento de sinal e aprendizagem automática que, depois de recolher os sinais cerebrais usando uma eletroencefalografia (EEG), descodifica os padrões cerebrais e seleciona letras de forma sequencial, permitindo escrever frases.
Os algoritmos ajustam-se aos padrões neuronais das pessoas, percebendo se o utilizador, no momento, quer ou não efetuar uma dada tarefa. Com um simples fechar de olhos, o utilizador desliga o interface.
Segundo o investigador, este interface "é uma ferramenta de assistência muito poderosa que, quando entrar no mercado, terá um forte impacto social porque permitirá às pessoas com deficiências motoras muito graves obter mais autonomia. Por exemplo, com a interface cérebro-computador poderão realizar tarefas quotidianas como conversar no Skype, conduzir uma cadeira de rodas, ligar luzes, acionar alarmes via telefone, ligar a televisão, etc".
O interface já foi validado clinicamente num grupo de portadores de esclerose lateral amiotrófica, seguido no Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (HUC-CHUC), em utentes do Centro de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) num homem tetraplégico e num doente de Duchenne (DMD - Duchenne muscular dystrophy), indica a Universidade em comunicado.