O domínio da tecnologia que é empregada nas comunicações públicas é, na visão do diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança de redes da Agência Brasileira de Inteligência, Otávio Cunha, a grande solução para garantir a inviolabilidade das informações públicas trafegadas na internet. Enquanto isso não ocorre, o jeito é recorrer à criptografia dos dados.
Segundo Cunha, que participou nesta quarta-feira (14) de audiência pública na Câmara sobre o monitoramento promovido pelos Estados Unidos nas comunicações de brasileiros, a Abin já desenvolveu um algoritmo que vem sendo usado com sucesso há 10 anos na criptografia das comunicações estratégicas. O código inclusive é utilizado nas transmissões de dados das urnas eletrônicas sem nunca ter sido quebrado.
De acordo com o representante do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Raphael Mandarino, o algoritmo desenvolvido pela Abin será disponibilizado hoje pelo GSI para a criptografia das mensagens dos outros órgãos federais, também como consequência das notícias de interceptação ilegal de dados feita pelos EUA. Ele informou que as 320 redes do governo federal sofrem 2.100 incidentes por hora, seja de ataque de hackers ou de programas maliciosos, todas resolvidas pelos funcionários. Para ele, é preciso investir também na capacitação de servidores visando à segurança nessas infraestruturas.
Segundo o general Sinclair Mayer, do Ministério da Defesa, já há um centro de defesa cibernética em plena atuação, com a participação em alguns eventos internacionais, como o Rio +20, Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude. “Todos os provedores de serviços são nacionais, mas utilizam alguns links que não estão no nosso domínio, como os satélites da Embratel”, disse. Problema que será resolvido, afirmou, com o lançamento do satélite brasileiro.
Mas os equipamentos dos ativos de redes são, na maioria, importados, lamentou o general. Ele informou que há possibilidade que esses aparelhos, especialmente roteadores, tenham o backdoor, que permite a coleta remota de dados. “Um Centro de certificação desses equipamentos já está pronto, mas o ideal seria que esses componentes de redes fossem fabricados pela indústria brasileira”, ressaltou.
A audiência pública sobre os sistemas de guarda e fluxo do conteúdo de informações eletrônicas foi promovida pelas comissões de Ciência e Tecnologia; de Defesa do Consumidor; de Fiscalização Financeira e Controle; de Legislação Participativa; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. O debate será retomado na próxima terça-feira (20).