A Mozilla recentemente anunciou que tem a intenção de descobrir se um processo de revisão poderia contribuir para o melhoramento da qualidade de software voltado para a pesquisa científica, utilizado em uma verdadeira miríade de campos na atualidade, desde a ecologia e biologia, passando por química, física, geologia, até ciências sociais.
Em um experimento sendo executado pelo Mozilla Science Lab, engenheiros de software revisaram algumas partes selecionadas de código apresentados em artigos científicos voltados para a área de biologia computacional. Os revisores avaliaram trechos de código de no máximo 200 linhas que foram incluídos nos artigos e os escreveram em várias linguagens de programação como R, Python e Perl.
Os engenheiros da Mozilla discutiram seus achados junto aos autores dos artigos analisados, que agora podem escolher o que fazer com as experiências, incluindo a permissão de apresentar os resultados. Porém, alguns pesquisadores disseram que ter seus códigos revisados pode ser um tiro saindo pela culatra.
"Uma preocupação que eu tenho é que, com revisões como essa, os cientistas ficarão bem mais desencorajados de publicar seus códigos", afirmou Roger Peng, um bioestatístico junto a instituição Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, em Baltimore, Maryland. E completou: "Nós precisamos pegar mais código, e não melhorar como ele se apresenta".
Porém, se a Mozilla quiser continuar a investir nessa linha de atuação, terá muita dor de cabeça. Acredite se quiser: o desenvolvimento de software no meio científico parece visar apenas o lucro. Com o que se anuncia nos artigos científicos, dificilmente se consegue criar um software funcional. E se a ideia possui potencial comercial, os códigos são criados e normalmente normalmente fechados, vendidos por preços exorbitantes (quanto mais exclusivo seu software, o céu é o limite no quesito preço) em licenças temporais (normalmente anual).
Assim sendo, nunca seria de interesse desses grupos, de melhorar seus códigos de forma colaborativa. E se você é pesquisador e está descontente com a situação, a única maneira de tentar romper com esse ciclo vicioso seria quebrar de vez esse mercado monopolista, criando software científico de qualidade, livre e aberto. O que acham?