Por: Vinícius Vieira
Hoje, nos principais sites e blogs do mundo sobre Linux e Software Livre, foram publicadas matérias a respeito de um post que Richard Stallman, o “pai” da Free Software Fundation (Fundação do Software Livre) e maior defensor da liberdade do software, publicou.
Com o título “Jogos não livres para GNU/Linux: bom ou ruim?” (tradução livre), o artigo aborda a preocupação que Richard Stallman tem com relação a vinda de jogos famosos para o “ecossistema Linux”, tendo em vista que os fabricantes e desenvolvedores destes games não irão abrir os códigos fontes dos mesmos para os tornar livres.
Estes games rodarão nativamente em ambientes Linux, porém serão pagos e, no caso da Valve, o Steam, que é a plataforma em que os games rodam, continuará sendo de propriedade dela, assim como os outros games de outras empresas que, apesar de rodarem em Linux, terão seus códigos fechados e serão licenciados por copyright.
Stallman chamou esse esforço de “antiético”, apesar de confirmar que isso tudo pode incentivar outros usuários destes games a saírem do Windows e virem para o Linux. Ele ainda completa dizendo: “o que esses jogos ensinam para as pessoas da nossa comunidade?”
Após ler este texto e veio a imagem do filme Matrix, onde Morfeu oferece a Neo duas pílulas: em uma delas Neo seria ria “liberto” da matrix e na outra ele se esqueceria de tudo que viu.
Mas o que tem isso haver com o artigo de Stallman?
Estamos vivenciando um momento ímpar onde o GNU/Linux nunca foi tão difundido, usado e comentado. Não preciso nem citar as grandes empresas, governos, entidades e pessoas públicas que tem levantado a bandeira do Linux. Porém, mesmo com todos estes avanços (e aqui cabe citar o Ubuntu, que é a distro mais popular e mais bem aceita entre os novos usuários, e o Android, que apesar de ser acusado de possuir firmwares proprietários em seus códigos, tem levado o Linux a lugares nunca antes pensados), algumas vezes parece que não queremos estar preparados para crescer.
Quer ver um exemplo? Uma vez eu fui a cidade de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. Ela é uma das maiores cidades do estado, porém não foi projetada para tal. Logo, apesar do seu crescimento astronômico e do desenvolvimento que chegou aquele lugar, algumas coisas ainda são bem características de “cidade pequena”, como as ruas estreitas e calçamento de paralelepípedo em boa parte da cidade (me perdoem os gaúchos, mas foi essa a impressão que eu tive).
Trazendo isso pra nossa realidade, eu vejo que o Linux tem potencial pra tranquilamente ultrapassar o Windows nas áreas que o mesmo ainda domina, como por exemplo, os desktops, mas não basta potencial. Existem outros fatores importantes como coesão e visão, que faltam no mundo Linux.
Falta coesão pois não somos unidos como um todo. Somos unidos nas nossas “sub-comunidades”, ou seja, se eu uso Ubuntu vou ser unido com quem usa Ubuntu, se uso Fedora vou ser unido com que usa Fedora. Isso, de certa forma é óbvio e normal, porém o que não pode acontecer é: se eu uso Fedora, vou me juntar aos outros que usam Fedora pra falar mal do Ubuntu, ou de quem usa ele. Você tem o direito de usar a distro, ou o SO, que quiser, e inclusive não concordar com atitudes de outras comunidades, como por exemplo a Canonical. Eu sou usuário Ubuntu e não concordo com muita coisa que a Canonical diz ou faz, porém não tenho o direto de atacar outras distros, difamando-as perante outras pessoas que, muita das vezes, nem usuárias Linux são, como por exemplo, comentários infelizes em redes sociais. Não concordar é uma coisa e atacar é outra.
E falta visão pois, num momento como esse, onde é a primeira vez que uma empresa de game se importa com o Linux, pessoas influentes no nosso ecossistema, como o Stallman, se levantam e descordam desta parceria, tendo em vista que as empresas não decidiram abrir o código dos seus softwares, elas apenas irão reescrevê-los para Linux.
Quer ver um outro exemplo? Quando a Canonical e o Projeto Fedora decidiram “criar” alternativas ao Secure Boot, a FSF mais uma vez se levantou contra dizendo que, usar códigos fechados ou chaves da Microsoft vão contra as leis de liberdade do software.
Ok, a FSF está correta. Mas por que, ao invés de atacar e descordar, não criou uma solução 100% livre? Quem sou eu pra falar da FSF ou de quem quer que seja. Minha intenção é levantar aqui um debate sobre estas questões. Eu só acho que o conceito de “liberdade” está sendo deturpado. Pra mim, ser livre é poder fazer o que eu quero: livre pra instalar o que eu quiser na minha máquina, livre pra usar o que eu instalei da maneira que eu quiser e livre pra alterar e distribuir da forma que eu quiser. Não são essas as Quatro liberdades do Software Livre? Inclusive, eu sou livre pra migrar novamente pro Windows, se assim eu quiser (tá amarrado! rs). Eu sou livre!
Eu entendo a preocupação do Stallman com relação ao Secure Boot. Apesar dele ter sido meio “teórico da conspiração”, eu entendo. Ele não quer que uma distro apenas monopolize o bootloader e as chaves UEFI para todo universo Linux, principalmente quando esta distro (o Ubuntu) tem uma empresa por trás, a Canonical. Agora, com relação ao Steam, me desculpe, não concordo. Se fosse assim, por sermos todos uma “comunidade de Software Livre”, não poderíamos usar em nossos sistemas aplicações tão úteis como o navegador Chrome (apesar de ter a versão Open Source, Chromium) ou aplicações que nos integre com o restante do mundo, como por exemplo o Skype, além de tantas outras.
E você. o que acha disso tudo?
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