Aos 13 anos, a estudante Isadora Faber, de 13 anos, já detonou uma pequena revolução. Queixando-se, no Facebook, dos problemas de sua escola, atraiu em menos de dois meses cerca de 200.000 fãs para a página virtual “Diário de Classe”, motivou reportagens na imprensa e provocou uma reunião de emergência na Secretaria de Educação de Florianópolis, que resultou em promessas imediatas de providências para sanar as falhas. Saltam aos olhos no episódio a força que uma ferramenta como o Facebook, quando bem usada, pode ter em benefício da educação e também o quão desatentos e despreparados estão os educadores para isso. Prova disso é que a secretaria admitiu que conhecia as denúncias de Isadora, mas só decidiu tomar providências depois que o caso virou assunto nacional.
“As redes sociais são armas poderosíssimas e os jovens descobriram isso antes dos adultos”, afirma Maria Elisabeth de Almeira, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). João Mattar, pós-doutor pela Universidade Stanford e especialista no uso de tecnologias na educação, concorda. Para ele, as instituições ignoram as redes sociais porque não sabem o que está acontecendo nelas. Quando tomam conhecimento, consideram que as manifestações não são importantes.
Entre os especialistas, é consenso que reprimir ou ignorar as queixas dos estudantes é a pior alternativa. “Um profissional sem experiência pode achar que apagar um comentário resolverá o problema, mas ele não lembra que provavelmente aquele texto já circula em outro ambiente virtual”, afirma Mattar. Ao se deparar com alguma crítica, os educadores devem procurar o estudante – via mensagem privada, por telefone ou pessoalmente – para ouvi-lo. “A escola precisa de uma atitude pró-ativa”, diz.
De acordo com o educador João Manuel Moran, especialista em novas tecnologias, a ação de Isadora foi inovadora. Para ele, os professores ainda veem a rede social como um repositório de queixas sobre professores ou provas, por exemplo. No momento em que as reclamações se dirigiram para a infraestrutura escolar e suas falhas, os docentes e direção foram surpreendidos. “Isadora contribuiu efetivamente para a melhoria do sistema. Isso é um fenômeno novo, para o qual as escolas não estão preparadas. Elas só reagem depois que algo acontece”, diz.
Para evitar surpresas desagradáveis, o secretário-adjunto de Educação do Estado de São Paulo, João Cardoso Filho, afirma que a secretaria está insistindo com os coordenadores pedagógicos das escolas para reativar os grêmios estudantis. O objetivo é estimular um canal pelo qual os estudantes se expressem – e reclamem. “A manifestação dessa aluna deve ter ocorrido porque ela não encontrava espaço para falar de suas angústias”, diz Cardoso Filho.
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