Essa é uma pergunta que constantemente repete-se quando é anunciado um novo sistema operacional mobile. Com o grande sucesso da dupla Android e iOS, faz sentido investir na criação de mais uma alternativa? Existe uma chance real de outro sistema operacional voltado a dispositivos móveis ser bem sucedido? Pode ter certeza que sim! Afinal, empresas não estariam investindo em P&D se não acreditassem nisso. Mas seria uma mera questão de crença? Não mesmo! Essas empresas realizam complexas pesquisas de mercado para saber quais os problemas apresentados pelos SOs de maior sucesso, quais os principais desejos dos usuários e o tempo que a Google e a Apple levarão para implementa-los (se é que um dia irão).
Enquanto o elevado preço dos produtos da Apple é um empecilho a muitos que gostariam de adquiri-los, o líder Android sofre com o crescente aumento de malware para a plataforma. Raramente passam 15 dias sem alguma noticia negativa por parte da imprensa (especializada ou não) sobre novos problemas de segurança, fora a guerra de patentes, pois quem começa a perder mercado e não consegue criar um verdadeiro diferencial (pelo menos não a um preço realmente competitivo) acaba apelando para outros métodos, como foi o caso da finada SCO contra a IBM (vale a pena pesquisar mais sobre o assunto).
Malware para Android, até mesmo a empresa com o SO mais
vulnerável da história sentiu-se “segura” em criticar.
Podemos acreditar e apostar que Firefox OS, BlackBerry, Alyun OS, Ubuntu Phone e open webOS podem fazer frente a dobradinha Android/iOS e conquistar o mercado? Essa questão é complicada de se analisar.
Começando pelo BlackBerry: com foco no mercado empresarial, durante muitos anos foi sucesso de vendas e trouxe excelente experiência de uso, mas atualmente está em decadência, sendo que a versão 10 já é dita como sua última chance de permanecer no mercado de smartphones. Há quem não o troque por nada, independente de quão avançados sejam outros Mobile Os, mas a franca decadência começou a 2 anos e o futuro não é nada bom.
tablet da HP com webOS. Apesar da empolgação inicial da abertura do
código-fonte, as noticias e expectativas sobre ele não estão empolgando.
Open webOS é uma verdadeira incógnita: criado como sucessor do já bastante defasado palmOS, tinha grandes chances de emplacar, mas sua compra pela HP acabou sendo prejudicial. Por motivos não muito claros, a compradora do webOS, pouco depois de lançar sua própria linha de tablets, cancelou-a, sem dar muita satisfação e, quando muitos pensavam que o promissor sistema seria descontinuado (a própria Palm fez uma tremenda sacanagem com os usuários do BeOs, encerrando seu desenvolvimento após adquiri-lo), eis que a HP anuncia a liberação do código fonte como software livre. Muito se discutiu sobre isso e a empresa tem cumprido seu cronograma de liberação gradual do código, teve quem achou a ideia a mais acertada, teve quem criticou, etc. Agora tem chance de alçar voo e fazer sucesso? Não dá para ser muito otimista não, pois está sendo cada vez menos lembrado e comentado pela mídia.
Como a HP não tem mais praticamente nenhum interesse comercial, seu futuro pode ser nebuloso e acabar tornando-se mais um entre diversos outros.
Grande aposta da Canonical para entrar no mercado Mobile,
virou noticia no mundo todo no mesmo dia em que foi anunciado.
Ubuntu Phone: esse é o segundo da lista que tem chances de emplacar. Com a Canonical cuidando de seu desenvolvimento e uma legião de fãs da versão Desktop, mau foi anunciado e já fez o maior sucesso. A versão oficial só deve sair em 2014, mas acredito que o bom retorno relacionado a bugs e diversas outras questões deva influenciar a antecipação de seu lançamento. Tenho acompanhado a empolgação dos Ubuntusers, não só usuários ‘comuns’, mas desenvolvedores também, sendo que o segundo grupo aguarda ansioso a disponibilização da primeira Rom de testes e um SDK para começarem a produzir para a plataforma.
Apesar da empolgação inicial, a forma de trabalho por parte da empresa desenvolvedora pode por tudo a perder. Uma das maiores criticas por parte dos usuários que abandonaram a versão Desktop do Ubuntu é com relação a grande quantidade de atualizações semanais que o sistema recebe devido ao reduzido tempo de depuração de bugs em sua fase de depuração. Muitos já disseram não se importar com essa questão de atualização, mas ignoram que atualizar um APP é diferente de atualizar correções no SO propriamente dito. A velocidade da transferência de dados pela Internet em um smartphone é diferente de um desktop ou mesmo de um tablet, a desatenção dos usuários pode gerar travamentos e outros problemas maiores principalmente se interromperem a instalação das atualizações. Existe aqui um grande empecilho da empolgação inicial virar frustração e gerar um retorno em massa ao Android ou a outras alternativas; foi assim com a versão Desktop, independente do que diga a imensa quantidade de usuários que o sistema tenha hoje.
Firefox OS: aposta da Mozilla para enfrentar a soberania Apple e Google. Já em desenvolvimento a alguns meses, aposta na linguagem HTML5 para a criação de web-Apps. Diferente do sistema da Canonical, que conta ‘apenas’ com a fama alcançada com usuários Linux, a fama da raposa estende-se também a usuários de outros sistemas operacionais e já conta com amplo material de apoio para desenvolvedores e futuros usuários. O sistema de nightly builds (atualizações diárias) está disponível desde Julho de 2012, além de alguns vídeos demonstrando como está ficando o sistema em alguns smartphones da marca ZTE e o mais importante: um simulador do sistema no formato de extensão para seu navegador, que possibilita que não só os interessados conheçam mais sobre o sistema, como já permite que programadores testem e adaptem suas apps, podendo anteciparem-se ao lançamento oficial dos gadgeds.
A equipe Boot to Gecko chamou muito a atenção com sua decisão de ter um sistema operacional web, dando preferência a web-apps, focando-se no HTML5, que somado ao CSS3 e jQuery, servirão para otimizar o desempenho do sistema, uma vez que eliminam a necessidade de uma máquina virtual e reduz a quantidade de camadas intermediárias. Não é atoa que os concorrentes W8 e Ubuntu Phone também usarão esse padrão de desenvolvimento. Para aqueles que já programam usando o Phone Gap, as necessidades de adaptação provavelmente serão muito pequenas, isso se existirem.
Por fora dessas novidades ainda correm os sistemas Tizen (sucessor do Meego), Badda, Alyun OS, Meego/Sailfish (o qual a empresa Jolla pretende dar continuidade) e outros ainda menores que nem valem a pena gastar espaço.
Com certeza, nesse ano de 2013 veremos uma grande quantidade de curiosos e insatisfeitos com Android testando Firefox OS e posteriormente Ubuntu Phone. Se a troca será definitiva, não há como saber ainda, mas não podemos negar que ambos servirão para deixar o W8 em quinto lugar em matéria de adoção.