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Dizem que o olhar é o espelho da alma. É nele que se encontram todas as respostas, a janela não só para fora, mas também para dentro de nós. Basta compreender e descodificar, dilatado ou semicerrado, em plena relação com a luz, é agente de mudança das percepções sobre o mundo.
Na Universidade de Washington, estudos revelam a possibilidade de tornar as lentes de contato em sistemas que permitem obter informação extra da realidade e monitorizar a quantidade de sódio, colesterol e níveis de potássio no organismo.
As lentes de contato são utilizadas diariamente por mais de 100 milhões de pessoas. O volume de aproximadamente sete microlitros do fluido das lágrimas com o nível de acidez pH de 7.3 e concentração de sal de 0.91 e 0.97% é controlado. As lentes constituem uma barreira física para a mecânica de formação de lágrimas e metabolismo da córnea. Vários foram os historiadores que se aventuraram no mistério das lentes de contato.
Enquanto que os olhos e o sistema nervoso conduzem à sensação, da mente resulta a percepção. Agora, imagine o potencial do processamento de imagem básico e a Internet expostos em lentes de contato. O desbloqueamento de novos mundos inteiros de informação visual não é apenas fição científica, mas real. O estudo está sendo conduzido na Universidade de Washington, em Seattle.
Os avanços da Nanotecnologia permitem com que se produza sensores e dispositivos em tamanho reduzido, de modo a transformar as lentes de contato numa plataforma. Com micro-sensores e ligação sem fios (wireless), é possível medir parâmetros físicos como a química do corpo e aceder a um novo tipo de informação médica. Através dos vasos sanguíneos e fluído das lágrimas, é possível ver os níveis de glucose no sangue. Juntamente com um transmissor de dados sem fio, a lente pode transmitir informações para médicos e enfermeiros, sem agulhas ou química de laboratório e em tempo real.
Através da lente, também, surge uma nova realidade. Será possível ver o mundo sobreposto com dados visuais provenientes do campo virtual. Através da conectividade de dados, as lentes podem mostrar imagens, novos tipos de informação como jogos, alertas e realidade aumentada (sobreposição de informação extra e virtual sobre o que é percecionado no real). Novas imagens são retidas na retina e as pessoas usufruiriam da tradução da fala em legendas, tradução de idiomas, sistemas de navegação, entre outros, em tempo real.
Reaproveitar a capacidade do olho humano e poder da percepção são as premissas que sustentam esta investigação. O olhar apresenta grandes potencialidades dado que permite a percepção de milhares de cores através dos receptores, condições de luz e a transmissão de informação ao cérebro excedem a velocidade de qualquer taxa de ligação à Internet.
O professor de engenharia eletrónica, Babak Parviz, disse que "já vemos um futuro em que a lente de contato se torna numa plataforma real [...] As possibilidades se estendem além do que os olhos podem ver". A lente biônica com tecnologia em micro-escala já está disponível e não é ficção.