Um jornalista de tecnologia passa 12 meses sem internet

[Exploit]

Fala-se sobre os possíveis males que a internet causa ao humano enquanto ser sociável, pois ele passaria a ignorar a vida offline em detrimento do que encontra no virtual - inclusive os amigos "reais".

Pensando nisso, um jornalista que escreve sobre tecnologia, decidiu abandonar o inimigo e viver longe da turbulência que é a vida na internet. Paul Miller, do The Verge, um dos principais veículos especializados do mundo, passou um ano totalmente offline.

Tanto tempo para descobrir que estava errado. Paul voltou à rede às 12h do dia 1º de maio de 2013, tendo abandonado a internet às 23h59 de 30 de abril de 2012. Durante esse período ele permaneceu escrevendo para o Verge, escrevendo, além de textos diversos, sobre sua experiência no mundo palpável (veja aqui).

A parte boa

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Houve grandes momentos, como ele relata: se sentia livre, não tinha mais um smartphone para incomodar com atualizações o tempo todo, passou a administrar melhor o tempo e, com isso, perdeu peso, melhorou o desempenho de leitura etc.

A comunicação mudou totalmente; agora ele enviava cartas, ligava, ia à casa dos amigos. Sua irmã, que por anos sofreu com o distanciamento, passou a admirar o comportamento de Paul: "Ela diz que estou menos isolado, emocionalmente, mais preocupado com seu bem-estar - menos idiota, basicamente", comenta ele.

A parte ruim

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Mas, é claro, ele sentiu o peso de estar um passo atrás da humanidade. Paul perdeu contato com muta gente e deixou de ser relevante para as pessoas. Afinal, se você tem 1 mil amigos no Facebook, não espere que todos te visitem ou liguem para saber como anda sua vida.

Um amigo dele foi morar na China e, desde então, nunca mais se falaram. "Muita tinta foi derramada sobre o falso conceito de 'amigo de Facebook', mas eu posso te dizer que um 'amigo de Facebook' é melhor do que nenhum."

"Sem internet, é certamente mais difícil encontrar pessoas", afirmou. "É mais difícil fazer uma ligação do que enviar um e-mail. É mais fácil mandar SMS, usar SnapChat, FaceTime, do que ir à casa de alguém."

No começo, Paul achava graça em livros e mapas de papel, mas há certas coisas que simplesmente não fazem mais tanto sentido quanto antigamente. Não são tarefas difíceis de se executar, mas por que escolher a forma menos prática?

Além disso, a experiência dele foi prejudicada pela sua própria condição. Paul não se sentia bem cercado pela web, então decidiu que ela era seu problema, mas depois de certo tempo o contexto de "eu não uso internet" acabou e ele se transformou numa pessoa qualquer que apenas não usa a rede - não era mais o cara exótico, era normal, ou quase.

A conclusão

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No fim do período, ele conversava com a sobrinha de cinco anos, com quem geralmente só conversava via Skype. Ela não sabe bem o que é a internet, mas sabe que a ferramenta da Microsoft a ajuda a manter contato com o tio. Quando ele perguntou se ela imaginava por que ele nunca a chamou no Skype pelo ano todo, ouviu a resposta: "Pensei que fosse porque você não queria."

Ou seja: a internet, em si, não importa. O que interessa é o que ela proporciona. Paul descobriu que a rede possibilita uma sére de coisas que não eram possíveis antes. Então, compreendeu aquilo e respondeu à sobrinha: "Passei um ano sem usar nenhuma internet. Mas agora eu estou voltando e eu posso te chamar no Skype novamente."

olhar digital

[Rafael Schonberg]

Ideia genial. Estamos muito dependentes da Internet.

[Bitetti]

Acho q eu não sobreviveria. 2 meses já foram uma experiência de quase-morte.

[Claudio Novais]

Por acaso, é uma sensação incrivelmente boa. Houve uma altura que fiquei sem internet durante um mês e meio. Só tinha internet na Universidade. Vivia uma vida muito mais intensa, no sentido de passear, estar com os amigos, sentar e descansar. É algo que um dia tenho de repetir e repetir e repetir.

Nós que gostamos de estar sempre na net, vamos descansar para o sofá... com o computador ou tablet nas pernas. Isso não é, nem de perto, um descanso. Sem dúvida que esta é uma das piores partes da Internet.

[daronesi]

Antigamente a vida era difícil sem energia elétrica. Se acabava de noite, todos iam dormir mais cedo. Se acabasse de dia, havia outros tipos de entretenimento, brincadeiras, conversas, livros (de papel) e passeios. Nessa época, não havia celular, amigos visitavam amigos em casa e era normal encontrar pessoas conhecidas em locais públicos. As pessoas que não se conheciam se cumprimentavam ao passar perto umas das outras. Fones eram gigantescos e usados por profissionais da música.

Então, tudo "evoluiu".

As pessoas adquirem tudo com mais facilidade. A grande maioria dos lares no Brasil tem ao menos um aparelho de celular por pessoa e já ultrapassamos o número de notebooks em relação a desktops presentes nas residências. Hoje as pessoas são mais preocupadas com tudo, se divertem menos e se tornaram adeptos de manifestações sem nem saberem ao certo do que se trata, somente porque a maioria das pessoas postaram em suas redes sociais. A internet faz você aderir a situações somente para ser aceito entre as pessoas que você nunca viu pessoalmente (e talvez nem se cumprimentariam ao se verem na rua).
Quer causar o caos hoje, não desligue a energia de alguém, desligue a internet. Haverá aborrecimento, estresse e provavelmente depressão.
A tecnologia é, talvez, o maior feito do na evolução do ser humano, mas devemos aproveitar o lado bom, nunca abusar do uso para não ficar dependente e viver melhor a vida real/física.