O Fairphone é um projecto holandês para criar um telemóvel com um baixo impacto ambiental e que seja fabricado de forma socialmente ética. Atingiu agora a meta das cinco mil encomendas, que abrem as portas ao começo da produção.
O objectivo foi alcançado nesta quarta-feira. À hora de escrita deste artigo, 5500 pessoas tinham já pago para poderem receber o telemóvel no Outono.
O aparelho custa 325 euros, tem uma câmara frontal e uma câmara traseira, um processador de quatro núcleos, capacidade para dois cartões de telemóvel e um ecrã de 4,3 polegadas. Está equipado com sistema operativo Android.
Uma das acusações já feitas aos fabricantes de aparelhos de electrónica é a de que muitos minerais usados no fabrico são extraídos em minas ilegais, com recurso a trabalho infantil e escravo. Outras vezes, os dedos críticos apontam para as condições das fábricas, tipicamente na Ásia, e para os baixos salários dos trabalhadores que montam os equipamentos.
A matéria-prima para o Fairphone será extraída em minas legais na República Democrática do Congo, asseguram os responsáveis, e daí seguem para fábricas na China seleccionadas pelas condições de trabalho que oferecem aos funcionários. O telemóvel será enviado sem os auscultadores que tipicamente acompanham estes dispositivos e sem carregador, para poupar o ambiente – a maioria dos utilizadores já terá estes acessórios.
O projecto quer alertar para os problemas das cadeias de produção de todo o tipo de aparelhos, mas escolheu o telemóvel como um símbolo.
“Um telemóvel é simbólico, mas é o produto mais indicado, por estar tão presente no dia-a-dia”, explicou há dois meses ao PÚBLICO a responsável pela comunicação do Fairphone, Tessa Wernink.
“Temos uma abordagem holística em relação à cadeia que leva ao desenvolvimento de um smartphone. Temos também uma abordagem de pequenos passos. Sabemos que não podemos mudar o sistema de um dia para o outro, mas, ao continuarmos a introduzir determinadas alterações, o nosso objectivo é desenvolver um sistema mais justo com cada telemóvel que produzimos.”
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