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Vão alterar palavras em cada cópia evitando partilha ilegal

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Vão alterar palavras em cada cópia evitando partilha ilegal

Mensagempor Exploit » Qua, 19 de Junho 2013, 2:46

Cada ficheiro passa a ser um exemplar único e é possível assim identificar quem o disponibilizou sem autorização.

Um grupo de investigadores do prestigiado Instituto Fraunhofer , na Alemanha, criou uma técnica para que cada ficheiro de um determinado livro electrónico tenha pequenas alterações no conteúdo, que não alteram o sentido do texto, mas que transformam cada cópia num exemplar único.

O objectivo é que, através da análise ao conteúdo de um ficheiro distribuído ilegalmente na Internet, seja possível saber quem o disponibilizou, o que poderá actuar como um dissuasor, já que os mecanismos de protecção que editoras e vendedores incluem nos ficheiros têm estado a ser contornados.

O projecto de investigação (que é financiado pelo Estado e que conta com o apoio da associação que representa editores e livreiros na Alemanha) está a aproximar-se do fim. O resultado, porém, será ainda uma demonstração de conceito e não algo pronto para chegar ao mercado, explica ao PÚBLICO Martin Steinebach, o investigador responsável pelo projecto, que se chama SiDiM, a sigla em alemão de Documentos Seguros através de Marcação Individual.

O método desenvolvido por Martin Steinebach e colegas, que funciona por ora apenas na língua alemã, implica pequenas alterações a palavras e expressões. Uma das “abordagens mais promissoras”, exemplifica o investigador, é trocar de posição dois nomes próprios nas frases em que a ordem não seja relevante. Assim, “Daniel e Pedro vão almoçar” poderia ser alterado para “Pedro e Daniel vão almoçar”. Outra possibilidade seria substituir uma expressão como “não é visível” por “é invisível”. O processo é inteiramente automático.

“Num livro de 100 páginas, estamos confiantes de que conseguimos encontrar dez ou 20 posições onde podem ser feitas mudanças sem causar grandes danos”, afirmou Steinebach, notando que a técnica não poderá ser aplicada em obras de poesia, onde a ordem e extensão das palavras é muito importante.

Marcar individualmente cada ficheiro de um livro electrónico para que os leitores não o partilhem não é uma novidade. A técnica é por vezes chamada DRM social, já que não impede tecnicamente a partilha, mas assenta no receio dos utilizadores de serem descobertos (DRM é a sigla de Digital Rights Management, e designa mecanismos que procuram impossibilitar o uso de ficheiros de formas não previstas pelos detentores dos direitos).

Porém, as técnicas de DRM social normalmente passam por colocar avisos sobre os direitos de autor e uma frase única numa página do livro que não seja a do conteúdo. Por exemplo, “Este livro foi vendido ao utilizador X, a 18 de Junho de 2013”. Para além disso, podem incluir séries de caracteres que não são visíveis para o leitor, mas que permitem identificar cada ficheiro. Do ponto de vista das editoras e vendedores, o problema é que estes caracteres identificadores podem ser retirados por utilizadores com os conhecimentos técnicos necessários.

Já o método desenvolvido por Steinebach torna mais difícil a remoção das alterações usadas como identificador, já que o conteúdo da obra teria de ser comparado com o original (que, em última instância, poderá até nem ser disponibilizado ao público).

No debate que opõe livros electrónicos a livros em papel, as possiblidades de alterar o conteúdo, nomeadamente à distância, através da ligação à Internet do aparelho que o utilizador esteja a usar para ler, tem sido apresentada simultaneamente como uma vantagem e um problema.

Por um lado, permite que livros técnicos, académicos e escolares se mantenham actualizados e facilita a correcção de gralhas e erros. Por outro, abre portas a que seja tecnicamente possível (incluindo por ordem de Governos) fazer todo o tipo de mudanças no conteúdo (embora não relacionado com o conteúdo, ficou conhecido, em 2009, o caso em que a Amazon apagou dos Kindle dos seus clientes dois livros de George Orwell, incluíndo, ironicamente, “1984”; os livros tinham sido postos à venda na Amazon, através de um sistema de auto-publicação, por uma empresa que não tinha os direitos para os comercializar).

Questionado sobre uma possível reacção negativa dos leitores, Steinebach afirmou: “Estou confiante que os leitores não vão notar, e tenho dúvidas que os autores notem”. Admitiu porém, que os autores não têm acolhido bem o conceito e reconheceu que o uso desta técnica “é algo que requer avaliação”.

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Re: Vão alterar palavras em cada cópia evitando partilha ile

Mensagempor Rafael Schonberg » Qua, 19 de Junho 2013, 11:18

Isto é demência. E o valor literário do autor é desprezado.
O homem não consegue descobrir novos oceanos se não tiver a coragem de perder de vista a costa. — André Gide
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Re: Vão alterar palavras em cada cópia evitando partilha ile

Mensagempor Bitetti » Qua, 19 de Junho 2013, 12:29

Corromper um texto é passível de ser considerado vandalismo. Se eu escrevesse um livro não permitiria mudanças nesse sentido. No fim nunca existiria um exemplar original.
Eu li Poe em traduções em português, mas sei que alterar palavras dentro do texto em inglês fazem você perder o sentido ritimado do texto independente de serem contextuadas ou não. O mesmo ocorre com Guimarães Rosa.
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Re: Vão alterar palavras em cada cópia evitando partilha ile

Mensagempor Claudio Novais » Qua, 19 de Junho 2013, 15:16

É como dizem, a qualidade do livro fica imediatamente comprometida. Toda a essência que um autor pode pôr num livro é menosprezada, tornada banal. Qual diferença vai fazer um livro desses em relação a um outro livro qualquer que retrate a mesma história ou uma história semelhante?! Claro que vai existir, mas se calhar a credibilidade do autor vai ser deitada abaixo.

A procura de monetização da indústria está a níveis nunca antes visto. Em vez de procurarem trazer aos clientes qualidade a bom preço, preferem a ganância de preços altos e da intrusão da privacidade de cada um. O exemplo de steam é um exemplo quase perfeito. A valve largou a indústria distribuidora (e verdadeira sugadora de lucros das empresas de jogos e artistas musicais) e começou a distribuir ela mesmo com preços competitivos. O resultado? Acredito que conseguiram combater o software ilegal pois o valor é reduzido ao ponto de não valer a pena ter jogos semi-funcionais e ilegais.

Infelizmente a indústria continua a ter um alto poder devido aos lucros gigantescos que teve nas últimas décadas, mas isso vai acabar inevitavelmente, não adianta este tipo de situações até porque algoritmos reversos serão construídos. Mais tarde ou mais cedo isso vai acontecer.
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Re: Vão alterar palavras em cada cópia evitando partilha ile

Mensagempor nuno_nunes » Qua, 19 de Junho 2013, 17:00

Se baixassem os preços se calhar não havia tanta pirataria :S pois está tudo tão caro e depois dizem a pirataria está sempre a aumentar
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