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A ousada busca pelo ser humano perfeito

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A ousada busca pelo ser humano perfeito

Mensagempor Luis Cardoso » Dom, 1 de Setembro 2013, 16:33

A ousada busca pelo ser humano perfeito




    Imagine que volta a nascer daqui a dois mil anos! Para o gerar, os geneticistas manipulam os seus genes de modo a conceder-lhe o físico perfeito e a imortalidade. Já na fase adulta, chega o momento de ser inserido numa armadura inexpugnável e de ligar os nervos do seu corpo à Internet, de modo a conseguir manipular o seu avatar cibernético. Loucura? Desengane-se, pois tudo isto promete ser possível.

Manipulações genéticas e ciborgues. Na tentativa de alcançar a derradeira criatura humana os cientistas foram capazes de produzir, nos últimos dez anos, autênticos milagres. Estará a imortalidade cada vez mais perto ou será que, enquanto espécie, estaremos a chegar ao fim de um ciclo, em que perderemos aquilo que fisicamente nos torna humanos?

Em 2001, uma equipa de investigadores do Instituto para a Medicina e Ciência Reprodutiva de Nova Jersey, nos EUA, anunciou o nascimento dos primeiros bebés geneticamente manipulados. O "truque" consistiu em usar parte do conteúdo do óvulo de uma dadora e transferi-lo para o óvulo de uma mulher infértil. Esta conseguiu dar à luz um bebé, mas a criança passava a ter um pai e duas mães. O caso fez erguer o sobrolho a muitos religiosos conservadores.

Actualmente, existem técnicas para detectar doenças hereditárias e assim escolher os embriões saudáveis que vão ser inseminados no óvulo. Quer isto dizer que os pais poderão ter a possibilidade de escolher determinadas características para os filhos.

Alto, forte, olhos claros e cabelo louro. Muitos cientistas temem que, no futuro, estas características possam vir a integrar o menu que vai desenhar geneticamente um bebé, tal e qual como se estivéssemos a criar uma personagem no jogo "The Sims".


Para aqueles que já nasceram, daqui a alguns anos poderá ser possível transformá-los em alguém semelhante ao Incrível Hulk. Não é caso para desdenhar, pois em 2004 foi documentado o estranho caso de um bebé alemão portador de uma mutação genética que lhe dava um crescimento muscular acima do normal. Com apenas quatro anos de idade, o hercúleo petiz era capaz de esticar os braços na vertical enquanto segurava pesos com mais de três quilos.

O segredo está num determinado gene, responsável por bloquear a produção de uma proteína (a miostatina) que restringe o crescimento muscular nos humanos. Afinal, não eram só os animais como o Belgian Blue – uma raça de gado bovino –, que sofriam dessa bizarra mas curiosa mutação.

A descoberta abriu caminho à investigação de terapias capazes de "silenciar" a proteína nos humanos, deixando que os músculos se tornem robustos. O objectivo é ajudar quem sofre de distrofia muscular, uma das doenças genéticas mais comuns no mundo, ou seja, com potencial para gerar grandes lucros à indústria farmacêutica. Só que os primeiros a mostrarem-se interessados num possível medicamento para humanos foram os atletas de alta competição mais "impacientes". Outra dor de cabeça para quem combate o doping no desporto.



Mas será que pode surgir uma mutação que nos permita viver para sempre? Acontece que ela já foi descoberta em 2008, não em humanos… mas num verme – mais precisamente, no C. elegans. Alguns espécimes mutantes da criatura em causa estão dotados de um programa genético que permite a todas as suas células viver mais tempo e resistir melhor ao stress. Compreender, na totalidade, como funciona este processo será meio caminho para obter o tão desejado Elixir da Eterna Juventude.

O fim da raça humana?




E será que caminhamos para um futuro em que seremos feitos de fios, chapa e silício? Eis que, bem ao gosto da ficção científica, os ciborgues (humanos com partes orgânicas e mecânicas, ou melhor dizendo, organismos cibernéticos) começam a invadir o mundo real.

Em 2009 foram inseridos micro-chips no cérebro de um macaco, o que lhe possibilitou manobrar um braço artificial para se alimentar. O próximo passo da equipa que fez a experiência consiste em usar implantes semelhantes que permitam às pessoas falar através de um computador. Um dia, comunicar com a ajuda da nossa boca poderá ficar fora de moda.



Entretanto, os militares já se renderam às potencialidades de um homem-máquina. Uma das experiências mais promissoras é um esqueleto artificial externo ao corpo – um exoesqueleto –, que permite a qualquer pessoa manobrar potentes músculos robóticos. Os primeiros protótipos surgiram com o objectivo de carregar grandes pesos em terrenos irregulares, mas já se pensa em criar super-soldados capazes de enfrentar com músculos de aço as tropas inimigas, bem ao jeito do mítico herói da Marvel, o Iron Man.


Verdadeiramente revolucionário foi o cientista britânico Kevin Warwick, que em 2002 deixou uma equipa de cirurgiões ligar os nervos do seu braço a um computador conectado à Internet. Como resultado, enquanto estava em Nova Iorque conseguiu mexer uma mão robótica que se encontrava a cinco mil quilómetros de distância, no Reino Unido. Tal como o próprio afirmou, "o corpo estendeu-se efectivamente pela Internet". Um cenário digno de fazer parte do filme "The Matrix".

O problema com todos estes cenários é que muitos cientistas estão a prever o desaparecimento das características que nos definem como humanos. Seria o fim da nossa espécie, tal como a conhecemos, e o nascer de uma outra.

No entanto, há que ver o lado positivo. Segundo alguns investigadores da NASA, daqui a milhares de milhões de anos, quando a Terra se tornar inóspita e o Sol estiver a morrer, a solução para não acabarmos extintos como os dinossauros estará na nossa transmutação em organismos cibernéticos. Deste modo, conseguiremos viajar pelas estrelas e sobreviver nos lugares mais remotos e hostis do Universo.

Fontes das imagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6, 7.

Referências



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Re: A ousada busca pelo ser humano perfeito

Mensagempor Claudio Novais » Seg, 2 de Setembro 2013, 1:09

Luis Cardoso (01-09-2013, 16:33) escreveu:Estará a imortalidade cada vez mais perto ou será que, enquanto espécie, estaremos a chegar ao fim de um ciclo, em que perderemos aquilo que fisicamente nos torna humanos?


Acho que esta frase dita muito do maior problema que algum dia toda esta área terá. Por muito que utopicamente tudo isto seja possível, criar um ser imortal, na verdade não acredito que se mantenha como um Ser Humano.

Um dos maiores problemas da procura da imortalidade debate-se com o facto das células neuronais não serem regeneradoras, pelo menos que eu saiba, apesar de certas teorias, acho que ainda é um mistério. É claro que podem um dia criar algum vírus geneticamente modificado que inverta isso mesmo, não ponho de parte isso mesmo, nem que seja por via de alteração genética à priori. No entanto, penso que este é o "calcanhar de aquiles" que vai acabar por criar uma nova raça, caso tudo isto se concretize.

É que se repararem, nós, humanos, somos muito de o Eu como pessoa e tudo o resto que o caracteriza, membros, aspeto, etc. Portanto o Eu é algo que terá de existir para sentirmo-nos evoluídos, mesmo que certas partes sejam substituídas por algo melhor. A questão é: seremos capazes de substituir o que caracteriza o nosso Eu?
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Re: A ousada busca pelo ser humano perfeito

Mensagempor Rafael Schonberg » Seg, 2 de Setembro 2013, 10:04

Daqui a mil anos está tudo destruído pelo homem.
O homem não consegue descobrir novos oceanos se não tiver a coragem de perder de vista a costa. — André Gide
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Re: A ousada busca pelo ser humano perfeito

Mensagempor Claudio Novais » Seg, 2 de Setembro 2013, 16:37

Rafael Schonberg (02-09-2013, 10:04) escreveu:Daqui a mil anos está tudo destruído pelo homem.

É muito difícil de prever isso. Por um lado, sim, a indústria tem destruído muito o planeta. Por outro, ninguém quer morrer e nos casos derradeiros vê-se sempre que as coisas acabam por mudar.

Em todo o caso, Stephen Hawking por acaso já disse que a humanidade não sobreviveria 1000 anos.
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