A bactéria Escherichia coli é uma velha conhecida nossa; essa bactéria ocorre em praticamente qualquer lugar do mundo e uma das mais antigas bactérias simbiontes humanas, junto com a Staphylococcus aureus. Todos nós temos uma fauna delas em nossos intestinos e ela normalmente não nos causa problema nenhum, exceto em dois casos: ou quando nosso sistema imunológico está muito fraco ou somos expostos à extirpes de regiões diferentes, principalmente através da água ou uma salada mal lavada. Um europeu não tem defesa quanto à variante latina, assim como um brasileiro não possui resistência quanto à estirpe do sul asiático.
A E. coli é a bactéria preferida dos cientistas, sendo estudada há muito tempo e é extensamente utilizada na engenharia genética nas mais diversas formas, e agora uma equipe de pesquisadores da Coreia do Sul adicionou mais uma habilidade à nossa companheira: produzir gasolina.
O estudo publicado na Nature foi conduzido pela equipe do professor da Korea Advanced Institute of Science and Technology Lee Sang Yup não é algo inteiramente novo, pois a própria E. coli já foi utilizada para produzir diesel. A diferença é que a gasolina é um combustível muito mais utilizado e que movimenta (literal e metaforicamente falando) o planeta inteiro, já que ainda não encontramos um substituto que faça mais com menos tal como ela (uma opção é o hidrogênio).
Na pesquisa uma cultura manipulada da bactéria utilizou também glucose e biomassa. Ao consumir esses materiais a E. coli foi capaz de produzir ácidos graxos e alcanos de ligações mais curtas, permitindo a síntese de cadeias curtas de hidrocarbonetos, no caso componentes da gasolina. Além disso com a adição de enzimas distintas a bactéria é capaz de produzir ácidos graxos e álcoois diversos, permitindo a produção de óleo vegetal, detergentes e até mesmo cosméticos.
O processo ainda não é algo digno de salvar a indústria automotiva: apenas 580 mg foram extraídas por litro de cultura e a meta é agora aumentar a produção para 20 gramas de gasolina por litro. Mas não deixa de ser uma boa notícia tendo em vista uma possível escassez do combustível nas próximas décadas.
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