agora usa servidores nos EUA para consultar endereços de sites no País.
A companhia disse na quarta-feira (30) que a gigante das buscas começou a responder consultas de DNS (Domain Name System) do Brasil para os servidores baseados nos EUA desde 12 de setembro, mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff manifestou apoio a uma lei que obriga as empresas de Internet a armazenar dados coletados sobre os cidadãos do País a nível local.
Os comentários dela vieram após documentos vazados pelo ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, mostrando que ela e o Brasil foram espionados pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA).
Quando perguntado, uma porta-voz do Google respondeu via e-mail em 23 de outubro que "estes dois eventos não estão relacionados", mas não deu mais detalhes sobre a mudança.
DNS traduz nomes de domínios de sites para os endereços IP dos servidores solicitados por um navegador. Muitos ISPs (provedores de Internet) e organizações executam seus próprios servidores DNS. O Google oferece um serviço gratuito, o Public DNS.
A gigante de Mountain View tem sido bem vaga sobre a mudança. No dia 25 de setembro, um engenheiro de software do Google que trabalha no Public DNS, Shen Wan, escreveu em um fórum público que "as consultas ao Google DNS do Brasil (e talvez em outros países da América do Sul também) são manipulados por resolvers nos Estados Unidos."
"Consequentemente, você pode experimentar mais latência do que antes", escreveu Wan. "Lamentamos sobre este transtorno e estamos trabalhando para reiniciar os resolvers no Brasil em um futuro próximo."
Quando um usuário do fórum perguntou se as mudanças resultaram de interesse do Brasil em manter os dados locais do País, Wan escreveu que a questão era extraoficial. Wan não respondeu quando interrogado pelo IDG News Service.
As pessoas podem usar o serviço de DNS do Google, alterando as configurações de rede do computador para os servidores públicos, que estão em endereços IP "8.8.8.8" e "8.8.4.4.".
Se fizerem isso, o Google tem total visibilidade sobre quais sites são visitados - o que é vantajoso para o serviço de publicidade, escreveu Doug Madory, analista sênior da Renesys.
"Ao ganhar visibilidade no uso da Internet de seus usuários, o Google pode usar esses dados para melhorar suas aplicações comerciais, tais como anúncios", escreveu. "São esses dados do usuário que presumivelmente fazem o Google Public DNS sujeito às leis de privacidade mais rigorosas propostas pela presidente Dilma Rousseff."
Antes da mudança, o Google Public DNS respondeu a solicitações de São Paulo em cerca de 50 milésimos de segundo, uma métrica chamada de latência. Essas consultas agora levam mais de 100 milissegundos, escreveu Madory.
O Google Public DNS "ainda funciona muito bem para os usuários latino-americanos, apenas mais lentamente", escreveu Madory.