Firefox OS, Ubuntu, Tizen e Sailfish: os novos rivais do Android e do iPhone
Sistemas operacionais de código aberto mostram a cara no Mobile World Congress e prometem ampliar opções dos usuários de smartphones e tablets
“Não queremos criar uma nova plataforma, mas permitir que qualquer pessoa possa se conectar a uma plataforma que já existe. A web é a plataforma.” Com essas palavras sobre o novo sistema operacional Firefox OS, Mitchell Baker, cofundadora da Fundação Mozilla e atual presidente do conselho da entidade, abriu seu discurso no Mobile World Congress (MWC) 2013, maior congresso de mobilidade do mundo que termina nesta quinta-feira (28) em Barcelona (Espanha).
O discurso pretende acalmar os ânimos das empresas do mercado móvel e também as operadoras de telefonia, que estão preocupadas com o futuro dos sistemas operacionais e dos aplicativos. Segundo Mitchell, a Mozilla tem a intenção de romper com o modelo fechado de aparelhos com sistema e loja de aplicativos da mesma empresa, iniciado pela Apple em 2007 e também adotado, com algumas diferenças, por Google, Microsoft e BlackBerry.
Esse modelo tem funcionado muito bem para as empresas que controlam as plataformas, como a Apple. Mas para os desenvolvedores a história é outra. Eles não podem distribuir seus aplicativos diretamente para os usuários, pois têm que passar pelas lojas de aplicativos (o Android até permite instalar aplicativos de outras lojas, mas o processo não é tão intuitivo) e deixar uma parte do lucro com o gestor da loja.
As operadoras também ficam com um pé atrás, já que não ganham nada na venda de aplicativos e, com apenas duas plataformas dominantes (Apple e Google), perdem poder de negociação.
É com base nessas queixas que a Mozilla e outras empresas apostam em sistemas de smartphones que deem mais liberdade para desenvolvedores e atendam melhor aos interesses das operadoras de telefonia.
Firefox vai de navegador a sistema
Desde o início do congresso, o Firefox OS é uma das novidades mais comentadas pelos corredores do evento. O sistema de código-aberto foi totalmente desenvolvido baseado em HTML5. Essa tecnologia permite criar aplicativos que rodam na própria web, usando padrões abertos. O Firefox OS tem o apoio da operadora Telefônica e, no início do MWC 2013, ganhou o apoio de 17 operadoras, muitas delas grupos globais, além dos primeiros fabricantes.
A ZTE mostrou seu primeiro smartphone de baixo custo com o Firefox OS, o ZTE Open , que deve chegar às lojas de países da América Latina e Europa, como Colômbia, Espanha e Venezuela no final de 2013. A LG e a Sony, fabricantes ainda mais reconhecidas no mercado de smartphones, também anunciaram a intenção de lançar smartphones com o sistema da Mozilla. “Nós não temos todas as respostas, mas percebemos a boa recepção ao Firefox OS e isso está movendo todo o ecossistema”, disse Mitchell.
Ubuntu sai dos desktops
A executiva da Mozilla não está sozinha no coro por mais opções de sistemas operacionais, que permitam que o usuário possa escolher quais aplicativos usar, sem depender do que é oferecido em uma só loja de aplicativos. É comum ver os internautas de sistemas operacionais menos populares reclamarem da demora no lançamento de um aplicativo, como o Instagram. Até o momento, ele está disponível apenas no iPhone e Android e a empresa não deve lançar uma versão nativa para BlackBerry.
Getty Images
Mark Shuttleworth, da Canonical, e Mitchell Baker,
da Mozilla: aposta em sistemas abertos
Mark Shuttleworth, da Canonical, e Mitchell Baker,
da Mozilla: aposta em sistemas abertos
Os primeiros smartphones com o Ubuntu, que tem design elegante que lembra o iOS, devem chegar ao mercado em outubro de 2013 . A Canonical liberou, na semana passada, uma versão de testes do sistema, otimizada para rodar no Galaxy Nexus e Nexus 4, além dos tablets Nexus 7 e Nexus 10. Em entrevista recente ao site The Verge, a empresa afirma que uma grande fabricante trabalha em dois smartphones com o novo sistema.
O plano B da Samsung
A Samsung, fabricante da linha de smartphone Galaxy, provavelmente não está entre as possíveis apoiadoras no Ubuntu, já que tem seus próprios planos em conjunto com a Intel para um novo sistema operacional de código aberto, o Tizen. Além de Samsung e Intel, o Tizen conta com o envolvimento de mais de 200 empresas de TI, que estão filiadas à Tizen Association.
Na última terça-feira (26), durante o Mobile World Congress, a associação fez uma demonstração da versão mais recente do sistema, o Tizen 2.0. Os primeiros aparelhos com o sistema, fabricados pela Samsung, chegarão ao mercado ainda este ano.
Inicialmente, o Tizen deve estar em smartphones de baixo custo, faixa de preço em que pode concorrer com o Android e os novos aparelhos com Firefox OS. Mas, segundo a associação, o sistema pode ser adaptado para aproveitar também os recursos de aparelhos mais avançados. Neste caso, ele competiria com o iPhone e com os próprios smartphones mais sofisticados da linha Galaxy, da Samsung.
"Novo MeeGo"
Firefox OS, Ubuntu e Tizen foram anunciados no MWC em grandes eventos, com muitos executivos de empresas importantes na área de TI. Mas o evento também teve a presença de um concorrente mais modesto, o Sailfish.
O sistema é uma criação da startup finlandesa Jolla, fundada por ex-funcionários da Nokia. O Sailfish é baseado no MeeGo, sistema da Nokia para celulares que foi abandonado em 2011, quando a empresa passou a apostar no Windows Phone.
Reprodução/PocketLink
Sailfish: em busca do apoio de desenvolvedores e
empresas de TI
Sailfish: em busca do apoio de desenvolvedores e
empresas de TI
Ainda não há uma previsão de quando os primeiros smartphones com Sailfish chegarão ao mercado. Até o momento, no entanto, poucas empresas do mercado apoiaram o desenvolvimento do novo sistema: de acordo com Marc Dillon, CEO da Jolla, apenas a operadora finlandesa DNA e uma revenda chinesa de produtos eletrônicos se comprometeram a ajudar a colocar os aparelhos com Sailfish no mercado, assim que eles estiverem disponíveis.
Em apresentação no Mobile World Congress, Dillon afirmou que o objetivo principal da empresa é ampliar a diversidade de produtos e serviços oferecidos no mercado de dispositivos móveis. “Estamos trazendo pensamentos diferentes para a discussão. Se este era o ponto, já ganhamos”, disse ele, a uma sala cheia de visitantes nesta terça-feira (26). “As pessoas passarão a escolher seu sistema com base na meritocracia e não porque não tem opções no mercado.”