Mark Shuttleworth, o dono do Ubuntu, anunciou que finalmente foi fechado o bug número 1 do Ubuntu. Este primeiro bug relativo ao Ubuntu tem um significado diferente de qualquer outro, não é um bug de programação, mas sim um objetivo genérico do projeto Ubuntu: ganhar mercado em relação à Microsoft.

Cada vez mais o Ubuntu toma uma posição mais favorável, enquanto que vemos outras empresas a perderem a sua fatia de mercado, nomeadamente a Microsoft. Por esse motivo, e por alguns outros motivos, Mark Shuttleworth resolveu fechar finalmente este bug que já tinha quase 9 anos de existência. Conheça os motivos e dê a sua opinião!

O primeiro bug submetido, a 19 de Agosto de 2004, no projecto Ubuntu é da autoria de Mark Shuttleworth e pode ser visto aqui:

• Microsoft tem a maior fatia do mercado

Na descrição do bug pode-se ver claramente que ele não é relacionado com algo concreto do software, mas, sim, um objetivo máximo do Ubuntu: conseguir crescer o suficiente para que a Microsoft não tenha a maior fatia de mercado. O bug não restringe esse objetivo apenas ao Ubuntu, mas sim ao ecossistema de softwares livres.

A intenção do Mark era simples: conseguir pôr o mundo tecnológico mais livre ao nível de software, para que seja acessível por toda a gente. A questão aqui é que o Mark claramente estava a dirigir-se ao mercado dos PCs, computadores pessoais, e não ao mercado tecnológico em geral. No entanto, no dia 30 de Maio de 2013, ele marcou o bug como “Resolvido” com o seguinte comentário:

Computação pessoal hoje é uma proposta mais ampla do que era em 2004: celulares, tablets, wearables (computador miniatura, por exemplo o smartwatch) e outros dispositivos fazem parte do mix de nossas vidas digitais. Do ponto de vista competitivo, a concorrência é saudável, com iOS e Android a representarem uma participação significativa (veja este artigo e mais propriamente esta imagem).

O Android pode não ser a minha ou a sua primeira escolha de Linux, mas é, sem dúvida, uma plataforma open source que oferece muitos benefícios práticos e económicos para os usuários e para a indústria. Portanto, temos concorrência, e uma boa representação para o mundo open source, na computação pessoal.

Mesmo que só tenhamos desempenhado um pequeno papel na mudança, eu acho que é importante para nós reconhecer que a mudança ocorreu. Assim, a partir da perspectiva do Ubuntu, este bug já foi encerrado.

Há uma parte social na conclusão deste bug, claro. Ele serviu para muitos como uma espécie de declaração de intenções. Mas é melhor para nós, para concentrar a nossa intenção de excelência em nosso próprio direito, ao invés de nosso impacto sobre alguém do produto. Nos (muitos) anos que passaram desde que este bug foi criado, nós descobrimos o quão surpreendente é a Cloud (nuvem), e espero que em breve também seja surpreendente para os desenvolvedores em seus desktops e, talvez, até mesmo para usuários comuns através de uma gama completa de dispositivos. Eu prefiro que alcancemos tais objetivos e celebramos a liderança.

É importante notar que, hoje, se você estiver utilizando computação em nuvem, a equipe da Microsoft IAAS é tecnicamente excelente e muito focada em ter todos os sistemas operacionais, incluindo os sistemas convidados Linux, como o Ubuntu, a rodar muito bem no Azure, tornando-se um prazer trabalhar com a equipa. Talvez a mudança de mercado tenha desempenhado um papel nisso. As circunstâncias mudaram, as instituições têm se adaptado.

Ao longo destas linhas, é bom refletir sobre o quanto mudou desde 2004, e quão rápido isso aconteceu. Para o Ubuntu, o nosso objectivo continua a proporcionar experiências fantásticas: para os desenvolvedores, para o pessoal que constrói a infra-estrutura de produção e para usuários finais em uma variedade de dispositivos. Estamos fazendo tudo isso em um ambiente que muda completamente a cada década. Então, temos que estar dispostos a fazer grandes mudanças em nós mesmos – nossos processos, nossas práticas, nossos instrumentos, e nossos relacionamentos. Alterar o status deste bug é apenas um pequeno exemplo.

Opinião da equipa do Ubuntued

Com esta mensagem claramente podemos constatar que efetivamente a Microsoft perdeu o seu lugar de “quase expoente máximo tecnológico” como outrora foi. Atualmente a Microsoft luta com meios não muito éticos para se manter firme no seu lugar que ainda é consideravelmente alto, pelo menos no mercado de computadores pessoais.

No entanto, sejamos francos, a Microsoft continua a ter a maior fatia de mercado nos computadores pessoais, passando dos 90%. Portanto, na génese deste bug, ele não está resolvido, nem de perto. Claro que isto é uma questão de tempo para que os valores continuem a mudar, até porque este tipo de alterações facilmente são exponenciais e de um momento para o outro o Ubuntu (Linux em geral), MacOS, ou outro sistema pode de repente aparecer. Mas até ao momento, ainda não. A fatia é pequena.

A questão aqui é que o Mark não respondeu apenas na parte dos computadores pessoais e fez uma abragência tecnológica bastante maior, incluindo outros tipos de computador, os tablets, smartphones e outros dispositivos. Claro que neste aspeto a Microsoft está claramente atrás (se calhar há muito que não à frente se considerarmos os celulares de há 10 anos atrás!). O Android está cada vez maior tendo chegado há pouco tempo às 900 milhões de ativações, o que é um valor absurdo.

Portanto se se considerar toda a tecnologia destes dispositivos inteligentes, faz todo o sentido em encerrar tal discussão (bug). Para além disso (e nisto apoiamos o Mark) um outro motivo muito importante para a conclusão deste bug é facto de não querer usar um ataque como forma de motivação, preferindo objetivos ambiciosos. Neste ponto, normalmente consegue-se distinguir projetos de qualidade com projetos por vezes insignificantes, em que normalmente estes últimos como não têm capacidade de serem relevantes acabam por atacar a concorrência. Neste caso, o Mark encerra essa possibilidade, focando-se nos objetivos do Ubuntu para um mundo melhor.

Por fim, devemos também destacar que desde que o Ubuntu foi inserido no Microsoft Azure, houve algumas diferenças de atitude. Um exemplo dessa mudança é o facto de o Mark não querer atacar a Microsoft através deste Bug. Mas este exemplo não é único, ainda há alguns dias vimos o Mark novamente a aplaudir o desenvolvimento do Windows 8. Não estamos a construir nenhuma teoria da conspiração, apenas estamos a constatar este facto.

E você caro leitor do Ubuntued? O que acha de tudo isto?

Referência

• Mark Shuttleworth closes Ubuntu bug #1