Há uma pergunta muito comum no mundo tecnológico quando se ouve falar do Ubuntu: Afinal quantos utilizadores tem o sistema operativo Ubuntu? Quais são os países com mais utilizadores? Quais os idiomas mais comuns? Sabia que provavelmente o idioma inglês não chega a 30% dos utilizadores Ubuntu?
Todas estas perguntas infelizmente não têm uma resposta concreta — exata –, em princípio. Saiba porquê que em princípio ninguém sabe e veja que conclusões tiramos durante a redação deste artigo.
Os idiomas mais comuns do site Ubuntu.com
Este artigo que lhe apresentamos nasceu do facto de o Javier .L ter apresentado as estatísticas de acessos ao site Ubuntu.com. As conclusões dele foram surpreendentes: 73% dos acessos ao site têm um idioma diferente do inglês! Mais surpreendente ainda é o facto de o idioma chinês ser quase o idioma mais comum, estando quase a par com o inglês.
De facto, esta constatação relativa ao idioma chinês não devia ser surpreendente uma vez que pelo mundo fora o mandarim destaca-se claramente como sendo o idioma nativo mais comum. No entanto, o Ubuntu sempre foi desenvolvido com o objetivo prioritário do inglês e depois toda a comunidade faz as traduções para as centenas de idiomas que ele é compatível. No entanto, o crescimento tecnológico proveniente da China tem sido algo extraordinário e prova disso são estas estatísticas e, claro, o facto do Ubuntu ter apostado num novo sabor dedicado completamente ao público Chinês, chamado de Ubuntu Kylin. Aliás, provavelmente esta decisão da Canonical, de criar este sabor advém destas estatísticas surpreendentes relativas ao número de utilizadores chineses que acedem ao site da Canonical.
Um outro facto interessante que podemos tirar destas estatísticas de acessos é que o português está longe de ser o idioma mais comum. São apenas 4% dos utilizadores, um valor muito baixo. Sempre achei que este valor fosse maior uma vez que o Brasil tem uma política de software livre muito boa em relação à maioria dos países pelo mundo fora e, claro, o Brasil é um país muito grande. Você pode ver estas estatísticas referidas tanto no gráfico acima à direita como na tabela seguinte:
Idioma | Utilização |
---|---|
Inglês | 27% |
Chinês | 25% |
Espanhol | 8% |
Japonês | 5% |
Português | 4% |
Alemão | 4% |
Árabe | 4% |
Francês | 3% |
Russo | 3% |
Coreano | 2% |
Outros | 17% |
Estas valores dizem alguma coisa?
Será que estes valores de acessos ao site do Ubuntu dizem de facto alguma coisa? Na minha opinião, sim, sem dúvida. No entanto, a margem de erro provavelmente é relativamente grande. Em primeiro lugar, estas estatísticas são relativas a acessos ao site do Ubuntu. Nem toda a gente acede ao site do Ubuntu. Eu por exemplo, que escrevo muitas coisas sobre Ubuntu raramente visito esse site, no entanto, a generalidade das pessoas também entram nesse grupo, provavelmente. Por isso, de certa forma podemos dizer que sim, no geral podemos basearmo-nos nestes dados.
No entanto, se pensarmos bem, o Ubuntu provavelmente é uma solução excelente para países ainda sub-desenvolvidos, onde o custo de vida é diferente e portanto usar sistemas livres é algo prioritário. No entanto, nesses mesmo países, o número de acessos à Internet é claramente diferente de um país desenvolvido. Portanto, poderemos estar a esquecer de muitos milhares (milhões) de utilizadores que usam de facto o Ubuntu, mas não entram nestas estatísticas por não acederem à Internet.
Será que este facto influenciaria as proporções dos idiomas? Bom, relativamente à China e muitos outros países latino-americanos, provavelmente não. No entanto, ao nível do Inglês, provavelmente sim. Porquê? Porque há vários países bem grandes e desenvolvidos que têm a língua inglesa como idioma principal. Ora esses países têm muitas facilidades de acesso à Internet.
Qual a conclusão que quero chegar? Muito simples: estas estatísticas de acessos ao site do Ubuntu.com provavelmente têm um significado relativamente correto em termos de utilizadores do Ubuntu, no entanto a margem de erro possivelmente poderá diminuir ainda mais o número de utilizadores que têm o inglês como língua principal.
E quantos utilizadores do Ubuntu existem?
Mais difícil que responder às proporções analisadas anteriormente é tentar saber quantos utilizadores do Ubuntu existem. Será que algum dia saberemos esses valores? Provavelmente sim, veja a secção seguinte deste artigo. Mas atualmente essas informações simplesmente não existem e portanto não podemos saber valores reais.
No entanto, podemos pegar em palavras do Mark Shuttleworth. Por exemplo, em 2012, através dos vários contratos que a Canonical fez com empresas de computadores, a previsão de vendas de computadores com Ubuntu nesse ano era de 20Milhões de unidades. Ora, antes já se dizia que havias alguns milhões de utilizadores e entretanto já ultrapassamos meio de 2013. Fazendo as contas provavelmente, e isto é apenas uma suposição, o Ubuntu conta atualmente com uns 50Milhões de utilizadores. No entanto, tudo isto são contas estatísticas onde nenhum dos dados é algo concreto.
Entretanto, Mark chegou também a dizer que o seu objetivo era ter 200Milhões de utilizadores com Ubuntu até 2015. Na altura o objetivo parecia impossível, mas entretanto isso mudou. Mudou porque O Mark chegou à conclusão que não ia conseguir mas garantiu que esse valor seria possível com relativa facilidade através do Ubuntu Touch. Será que vai conseguir? Dificilmente saberemos se continuarmos sem dados concretos, mas talvez as coisas mudem com o tempo.
Provavelmente a Canonical conhece as estatísticas!
Ao você ler este título, acredito que você pensou logo: a Canonical sabe perfeitamente quantos utilizadores tem pois sabe quem faz download regularmente das atualizações do Ubuntu. Mas acredite, você está errado! Porquê? Muito simples, por muito que a Canonical seja uma empresa, atualmente os pacotes são disponibilizados em comunidade e então existe centenas de mirrors (servidores com cópias exatadas) que disponibilizam os pacotes do Ubuntu para os utilizadores atualizarem e instalarem novos programas.
A grande maioria desses mirrors estão em Universidades pelo mundo fora, onde utilizam um sistema de clonagem dos pacotes muito rigoroso, no entanto, que se saiba, sem estatísticas que interfiram na privacidade de cada utilizador. Bom para nós! No entanto, através disso, a Canonical não tem forma de contar quantos utilizadores realmente fazem essas atualizações para poder tirar conclusões de quantos utilizadores do Ubuntu existem.
Para além deste facto, não podemos esquecer, tal como referido acima, que muitos utilizadores não têm Internet e que muitas das atualizações são também provenientes de sistemas operativos baseados em Ubuntu, como o Mint e o Elementary. Conclusão imediata? Nem a Canonical faz ideia de quantos utilizadores usam de facto o Ubuntu!
A Canonical provavelmente sabe sim quantos utilizadores existem
Mais uma vez, e novamente temos de usar a palavra “provavelmente”, você provavelmente esta conclusão do parágrafo anterior está errada. Mas como assim? Bom, há certos aspetos que são pouco conhecidos no mundo do Ubuntu, aspetos que talvez não sejam algo tão positivo assim, nomeadamente serviços que podiam estar desligados. Por exemplo, apesar de muito interessante, o Zeitgeits não é das coisas mais confiáveis que podemos ter instaladas no computador. Mas ele vem ativo por padrão. Um outro serviço que podia vir desligado e muito se tem discutido são as pesquisas da Amazon.
No entanto, não é nenhum destes dois serviços que vou apresentar aqui. Na verdade, há um serviço que diz à Canonical quem usa de facto o Ubuntu, pelo menos quem usa o Ubuntu com o Unity. Se a Canonical guarda essa informação ou não? Bom, isso não podemos dizer nem que sim nem que não. No entanto, a Canonical pode muito facilmente tirar conclusões muito rápidas de quantos utilizadores usam diariamente o Ubuntu com Unity com um nível de detalhe muito interessante: quem está ligado à Internet via Unity acaba por dizer sempre que está online à Canonical.
Como? Bom, existe um serviço chamado GeoIP que teoricamente é utilizado com um fim muito concreto: saber qual a posição geográfica do computador para que o Ubuntu se adapte em termos de horário. Ora, este serviço parece ser extraordinariamente interessante principalmente para quem viaja muito com o seu Ubuntu. Mas será que a generalidade dos utilizadores precisam realmente deste serviço? Na verdade, quase de certeza que não.
Este serviço, chamado GeoIP não pode ser removido pois o relógio do Ubuntu (que fica no canto superior direito) depende desse serviço, o que significa que você não o pode remover. Infelizmente devia ser possível até porque o relógio funcionaria na mesma perfeitamente. Aliás, o Gnome-shell não utiliza este serviço. No entanto, a Canonical parace querer que ele realmente esteja sempre ativo. Será que é para saber esses dados? Provavelmente.
No entanto, não se preocupe, não perde a sua privacidade. Basicamente o que este serviço faz é o seguinte: sempre que você liga à Internet, o serviço acede a este link e com isso consegue saber em posição geográfica está o seu computador. Por outro lado, a Canonical sabe que um novo computador com o Ubuntu está ligado, sabe qual é o sistema e provavelmente não sabe muito mais que isso.
Por isso, em suma, existe uma possibilidade de a Canonical saber com relativa exatidão quantos utilizadores existem que usam o Ubuntu e que estão ligados à Internet. No entanto, essa informação não é pública e, claro, nunca será 100% fidedígna visto que não contabiliza utilizadores que não têm acesso à internet e não contabiliza utilizadores que usam outros sistemas gráficos que acabam por não utilizar o referido serviço.
50 milhões é um numero excelente!
Acredito que ja fiz umas 10 pessoas migrarem pro Ubuntu/Linux, fiz eles perderem o medo de usar o sistema. principalmente aqui em casa onde todas as máquinas e notebooks rodam Ubuntu
Parabéns a todos que ajudam a expandir o nosso sistema!
Estou estudando MSI e pretendo instalar o Linux, se for bom vou fazer fazer propaganda
50 milhões é um número expressivo e parece que a Canonical está indo na direção certa. A única preocupação é:
Será que o sistema será sempre gratuito, igualmente compartilhado e sem uma "possível" versão Enterprise e uma versão open Ubuntu? Só o tempo irá nos dizer! Houveram muitas mudanças desde abril de 2004. Unity e Mir são um aviso de ao invés de um sempre kernel linux, poderemos ter um kernel ubuntu? Devaneios de um pessimista ou alusões pertinentes de um visionário realista? Sei lá, entende? :) rsrsrs
O software livre deveria ser a regra e não a exceção, ou seja, todos deveriam se iniciar no mundo dos computadores com GNU/Linux e softwares livres e caso tivessem que utilizar os sistemas e programas proprietários, seria somente por uma necessidade muito específica. Não há propaganda na mídia ou interesse governamental em divulgar o Linux e seus diversos sabores para um público que está catequizado a Microsoft desde a muito tempo. O Ubuntu já chegou a um estado de excelência que ao meu ver, ultrapassou ao Windows em várias frentes , como facilidade de uso, beleza e conceito. 235 milhões de pessoas falam o idioma português, inclusive na Ásia ( Macau é um bom exemplo), para mim a questão linguística é muito relativa. Na China há 1 bilhão e 300 milhões de pessoas, logo, o inglês não é a língua mais falada no mundo. Portanto a principal questão não é língua mais sim ao preconceito e falta de informação da qualidade do Linux e do software livre. Dizer que é uma questão financeira de países subdesenvolvido o uso do sistema, me parece uma forma muito simplista e limitada de ver as coisas. Linus Torvald é filandes e Richard Stallman é americano, o conceito do sistema nasceu em berço esplêndido e por uma questão idealista e independente de cenário sócio econômico. 50 milhões de usuários/utilizadores sem propaganda é um feito surreal que merece ser blindado com champanhe e caviar.
Eu nunca que disse que isso influenciava. Eu disse que os países desenvolvidos influenciam em termos de utilização de banda larga, que normalmente as estatísticas estão intrinsecamente ligadas.
Por outro lado, países como o Brasil onde me parece serem mais pro-ativos ao nível do Linux, não têm uma boa taxa de utilização de banda larga e portanto pode-se estar a induzir em erro.
Basicamente era por aqui que eu queria ir na minha opinião! ;)
Tudo bem, Cláudio Novais?
De fato aqui no Brasil banda larga é um serviço extremamente caro . Alias a telefonia de um modo geral aqui é uma das mais caras do mundo. As melhores velocidades está quase sempre atrelada nas assinaturas de TV paga e os celulares/ telemóvel são um absurdo. A exclusão digital diminuiu sensivelmente nos últimos anos, devido ao grande avanço economico do Brasil e como sempre para uma esmagadora maioria o Windows é sinonimo de computação. Me desculpe se o meu comentário lhe pareceu uma crítica ao seu artigo, que por sinal, é bem interessante e informativo. Como leitura basicamente é interpretação de texto, deu me a impressão,( pelo visto equivocada) que haveria uma relação intrinsica de cenário sócio econômico e linguístico o uso do sistema, que naturalmente sabemos que não tem nada a ver. Pra você ter uma idéia, eu conheci o Linux através de uma revista numa Banca de Jornal, o título dizia: Sistema Linux completo que roda diretamente do cd sem precisar instalar no disco rígido! Fiquei intrigado, comprei a revista e desde então sou fã de carteirinha do sistema e o divulgo aos quatro ventos, pois é um sistema incrível e com muita qualidade. Parabéns pelo seu trabalho e dedicação ao software livre e ao Linux, conheço muitos sites em inglês e mesmo em espanhol sobre Ubuntu e posso lhe assegurar o Ubunted é de longe o mais completo suporte para os iniciantes e bem como para os iniciados, pois sempre estamos aprendendo uns com os outros. E quer saber? Ainda bem que o Ubunted fala, através de você, o nosso bom e belo português. Um grande abraço meu querido e tudo de bom e mais uma vez parabéns pelo site !
O software livre deveria ser a regra e não a exceção, ou seja, todos deveriam se iniciar no mundo dos computadores com GNU/Linux e softwares livres e caso tivessem que utilizar os sistemas e programas proprietários, seria somente por uma necessidade muito específica. Não há propaganda na mídia ou interesse governamental em divulgar o Linux e seus diversos sabores para um público que está catequizado a Microsoft desde a muito tempo. O Ubuntu já chegou a um estado de excelência que ao meu ver, ultrapassou ao Windows em várias frentes , como facilidade de uso, beleza e conceito. 235 milhões de pessoas falam o idioma português, inclusive na Ásia ( Macau é um bom exemplo), para mim a questão linguística é muito relativa. Na China há 1 bilhão e 300 milhões de pessoas, logo, o inglês não é a língua mais falada no mundo. Portanto a principal questão não é língua mais sim ao preconceito e falta de informação da qualidade do Linux e do software livre. Dizer que é uma questão financeira de países subdesenvolvido o uso do sistema, me parece uma forma muito simplista e limitada de ver as coisas. Linus Torvalds é filândes e Richard Stallman é americano, o conceito do sistema nasceu em berço esplêndido e por uma questão idealista e independente de cenário sócio-econômico. 50 milhões de usuários/utilizadores sem propaganda é um feito surreal que merece ser blindado com champanhe e caviar.
Kra, mais um pouco de esforço da Steam e do Desura e o Ubuntu pula fácil de 50 p 100 milhões.
50 milhões de ubunteiros é um número bastante expressivo. É mais que a população da Argentina, com cerca de 42 milhões de habitantes (dados de 2012 fonte : http://www.indexmundi.com/map/?l=pt).
Pelomenos já ganhamos dos argetinos, coisa boa! kkkkkkk :D
Não acho pouco 4% de acessos na língua portugesa por dois motivos:
1º – Se excluirmos o inglês, chinês e espanhol o português fica muito bem colocado. Não sei estatísticamente quantas pessoas existem no mundo que falam essas línguas. Mas sem dúvida que essas três que estão liderando podem ser consideradas as principais línguas do planeta. Sendo assim, não acho que dê para comparar com elas.
2º – A dificuldade de comprar um computador com o Ubuntu já instalado no Brasil é muito grande. Eu penei bastante para conseguir o meu e ainda assim tive que abrir mão de computadores mais modernos por isso. Creio que o mesmo deva ocorrer em Portugal. Sendo assim, esses 4% de pessoas que falam português tiveram uma dificuldade maior do que os chineses para começar a utilizar e conhecer o ubuntu.
Foi esquecido também o impressionante e danoso número de usuários que pirateiam software proprietário achando que é o único que existe, por pura falta de conhecimento.
Creio que 50 milhões seja um número muito bom. Se levarmos em consideração o fato de ser um sistema relativamente novo, e ainda por cima Linux (o que causa um certo preconceito em muita gente), é uma marca notável.
Fico um pouco triste em ver que somente 4% dos que acessam o site tenham como idioma o português. É ainda mais triste ver que aqui no Brasil as pessoas preferem utilizar um software proprietário em modo Jack Sparrow do que procurar uma alternativa livre, e que em muitos casos supera e muito o "piratão" ali. Um exemplo disso é minha própria mãe, que tem horror só em ouvir falar de Linux, e por mais que eu insista, ela não quer usar (pelo menos o sistema dela é original).
Aqui na minha cidade por exemplo, só conheço um usuário Linux. Sim, só um que sou eu. Todas as pessoas a quem eu apresento o Linux, não dão sequer uma chance ao pinguim. Mas não vou desistir, ainda tenho esperanças de fazer minha família usar.
Já evangelizei várias pessoas sobre o Linux; já dei live-c.ds e até agora somente meu irmão insinuou a possibilidade de talvez um dia colocar o Linux Mint no notebook dele…isso já seria melhor que nada! =]
Enquanto existir software embarcado e pirataria vai ser difícil convencer o povo.